Segundo o banco central, considerando apenas o mês de abril de 2023, registou-se um défice das balanças corrente e de capital de 303 milhões de euros, inferior em 122 milhões de euros ao do mesmo mês de 2022.

Em abril, o défice da balança de bens e serviços reduziu-se em 598 milhões de euros em termos homólogos, traduzindo uma redução do défice da balança de bens e um aumento do excedente da balança de serviços.

Assim, o saldo negativo da balança de bens recuou em 163 milhões de euros, para 1.989 milhões de euros, em resultado de um decréscimo das exportações de 271 milhões de euros, inferior ao decréscimo de 434 milhões de euros das importações (-4,5% e -5,3%, respetivamente).

Por sua vez, o excedente da balança de serviços registou um aumento homólogo de 435 milhões de euros, para 1.900 milhões de euros.

As exportações e as importações de serviços aumentaram, respetivamente, 20,2% e 12,8%, tendo contribuído para esta subida “sobretudo as viagens e turismo e os serviços de transporte”.

Segundo o Banco de Portugal, as exportações e as importações de viagens e turismo cresceram 22,5% e 10,0%, respetivamente, e resultaram num aumento do saldo desta rubrica de 308 milhões de euros.

“Em abril de 2023, as exportações de viagens e turismo totalizaram 1.942 milhões de euros, o valor mais elevado da série para um mês de abril”, destaca o banco central.

Quanto à balança de rendimento primário, agravou o défice em 475 milhões de euros, para 749 milhões de euros, relativamente a abril de 2022, “devido sobretudo à subida dos rendimentos de investimento pagos ao exterior”.

Já a balança de rendimento secundário viu o excedente aumentar em 68 milhões de euros, para 420 milhões de euros, e a balança de capital apresentou um excedente de 114 milhões de euros, uma redução de 69 milhões de euros relativamente ao período homólogo.

Os dados do BdP apontam ainda que a necessidade de financiamento da economia portuguesa em abril de 2023 se traduziu num saldo negativo da balança financeira de 137 milhões de euros.

Este saldo reflete a redução dos ativos sobre o exterior em 489 milhões de euros, com destaque para os ativos externos do Banco de Portugal em numerário e depósitos (-480 milhões de euros).

Traduz ainda a redução dos passivos externos de 352 milhões de euros, que o banco central atribui à redução dos títulos de dívida pública portuguesa na posse de entidades não residentes (-1.007 milhões de euros), que “mais do que compensou o aumento dos passivos das sociedades não financeiras no contexto de operações de investimento direto estrangeiro (866 milhões de euros)”.

No acumulado dos quatro primeiros meses do ano, face ao mesmo período de 2022, a evolução de um défice de 1.965 milhões de euros para um excedente de 693 milhões refletiu a diminuição do défice da balança de bens em 400 milhões de euros, uma vez que as exportações cresceram mais do que as importações (1.833 milhões de euros e 1.434 milhões de euros, ou 7,7% e 4,5%, respetivamente), e o aumento de 2.267 milhões de euros do excedente da balança de serviços, sobretudo devido à subida de 1.423 milhões do saldo das viagens e turismo.

Já o défice da balança de rendimento primário cresceu 348 milhões de euros, para 1.356 milhões de euros, refletindo um aumento dos pagamentos dos rendimentos de investimento superior ao dos recebimentos, enquanto o excedente da balança de rendimento secundário subiu 27 milhões de euros, para 1.655 milhões, devido ao incremento dos recebimentos de prestações sociais e à diminuição da contribuição financeira paga por Portugal para o orçamento da União Europeia.

Quanto ao excedente da balança de capital, subiu 312 milhões de euros, para 730 milhões de euros, “devido essencialmente a uma maior atribuição aos beneficiários finais de fundos comunitários com vista ao investimento”.

No que se refere à balança financeira, no acumulado até abril registou um saldo de 1.296 milhões de euros, refletindo um aumento dos ativos sobre o exterior (5.566 milhões de euros) e dos passivos externos (4.270 milhões de euros).

De acordo com o BdP, o aumento dos ativos é justificado pelo investimento das administrações públicas em dívida titulada emitida por não residentes (1.949 milhões de euros) e em unidades de participação de fundos de investimento estrangeiros (1.344 milhões de euros); pelo aumento dos depósitos do banco central no exterior (1.775 milhões de euros) e pelo investimento das outras instituições financeiras monetárias em dívida titulada emitida por não residentes (732 milhões de euros).

Quanto ao aumento dos passivos externos, reflete sobretudo os fundos comunitários recebidos pelas administrações públicas e ainda não entregues aos beneficiários finais (2.011 milhões de euros); o aumento dos depósitos de não residentes nos bancos residentes (2.017 milhões de euros); e o investimento direto estrangeiro em instrumentos de capital das sociedades não financeiras (1.936 milhões de euros).

Em sentido contrário, registou-se uma redução de passivos do banco central perante o Eurosistema (-2.230 milhões de euros).

Segundo o BdP, até abril os setores que mais contribuíram para a variação positiva dos ativos líquidos de Portugal perante o resto do mundo foram as administrações públicas (3.511 milhões de euros), o banco central (1.446 milhões de euros) e as instituições financeiras não monetárias exceto sociedades de seguros e fundos de pensões (941 milhões de euros).

Já as outras instituições financeiras monetárias, as sociedades de seguros e fundos de pensões e as sociedades não financeiras apresentaram variações negativas dos seus ativos líquidos (-2.860 milhões de euros, -1.425 milhões de euros e -687 milhões de euros, respetivamente).

As estatísticas da balança de pagamentos são atualizadas pelo banco central em 20 de julho.