"O risco de escalada nas atuais tensões comerciais, com efeitos adversos na confiança, no preço dos ativos e nos investimentos, é maior risco de curto prazo para o crescimento mundial", disse o diretor do departamento de pesquisa do FMI, Maury Obstfeld, na apresentação da atualização do relatório sobre as Perspetivas Económicas Mundiais.
Na apresentação do documento, hoje divulgado em Washington, Maury Obstfeld revelou que a projeção atual de 3,7% de crescimento económico mundial em 2020 pode abrandar para 3,2% do PIB, sendo que os Estados Unidos, "sendo o foco de retaliação global, irão encontrar-se numa situação especialmente vulnerável, já que uma percentagem relativamente alta das suas exportações terá tarifas mais altas".
Na atualização ao relatório de abril, o diretor do departamento de pesquisa do FMI salientou que o Fundo mantém a previsão de crescimento mundial para este e o próximo ano nos 3,9%, mas alerta que "os riscos de os números se deteriorarem são mais elevados, mesmo a curto prazo", muito por culpa da política comercial norte-americana, apontam.
"Evitar medidas protecionistas e encontrar uma solução de cooperação que promova o crescimento continuado nas trocas de bens e serviços continua a ser essencial para preservar a expansão global", lê-se no relatório, que acrescenta que "as políticas e as reformas devem ter como objetivo sustentar a atividade, aumentar o crescimento de médio prazo e melhorar a inclusão".
No entanto, concluem, "com uma reduzida margem e com os riscos a aumentarem, muitos países devem, por isso, construir folgas orçamentais para criarem espaço político para a próxima curva descendente do ciclo e fortalecer a resiliência financeira a um ambiente que pode ser marcado por uma maior volatilidade dos mercados".
Para a zona euro, o FMI reviu em baixa a previsão de crescimento em 0,2 pontos para este ano e 0,1 pontos para 2019, antecipando agora um crescimento de 2,2% em 2018 e 1,9% no próximo ano.
"As previsões para o crescimento de 2018 foram revistas em baixa para a Alemanha e para a França no seguimento de um abrandamento da atividade económica maior do que o esperado face ao primeiro trimestre, e na Itália os juros da dívida soberana maiores e as condições financeiras mais apertadas no seguimento da incerteza política recente devem ter consequências para a procura interna", aponta o FMI.
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