“O corte de custos não vai ser em pessoas, vai ser em custos de funcionamento, é a ligação com o ‘plano de 100 dias’ [imposto pelo acionista CaixaBank], de fazer mais transações com menos custos”, afirmou o gestor espanhol na conferência de imprensa de apresentação dos resultados semestrais, em Lisboa.

O novo presidente executivo do BPI, que substituiu Fernando Ulrich, disse que, após a anunciada saída de 617 trabalhadores (11% do quadro de pessoal inicial, dos quais 519 no âmbito do programa de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo), não há “necessidade de fazer mais programas de saídas de pessoal” e nos próximos anos o que haverá são saídas naturais.

“Depois de tantos meses de dúvidas, de mais de um ano a falar destas coisas, é importante terminar com as incertezas. Estamos na situação em que queremos estar para futuro” quanto ao quadro de pessoal, disse.

O BPI tinha, no final de junho, 5.406 trabalhadores em Portugal. Contudo, a maior parte das saídas de trabalhadores já acordadas só se concretizará até final do ano ou mesmo em 2018. Quando todas as saídas se efetivarem, o BPI ficará então com um quadro de pessoal com 4.875 funcionários.

Já questionado pelos jornalistas sobre quantas pessoas manifestaram a disponibilidade em sair no âmbito do programa de rescisões e reformas, Forero não quis dar informações considerando que “não é relevante”. “O número importante é o das pessoas que tomaram uma decisão”, considerou.

O gestor respondeu ainda às críticas feitas pelo Sindicato dos Bancários do Sul e Ihas (SBSI), que acusou o BPI de falta de transparência e de ter dado a ideia de que iam sair menos de 50 pessoas por rescisões por mútuo acordo, quando acabaram a ser 227, e de não cumprir o que faz em Espanha de contratar uma empresa de ‘outplacement’ que ajude as pessoas que saem a procurar emprego.

Pablo Forero disse que o banco não podia ter ideia de quantas pessoas iam sair, uma vez que dependia das adesões, e que a ajuda dessas empresas só acontece nos casos de despedimento.

“Este era um programa totalmente livre, voluntário, não há necessidade de ‘outplacement’, se as pessoas têm dúvidas simplesmente não saem do banco”, afirmou

Questionado sobre se a saída de 600 pessoas implica o fecho de balcões, afirmou que não há intenção de fazer mais fechos e que o banco quer manter os cerca de 528 balcões que tinha no fim de junho em Portugal, após o fecho de sete efetuado no primeiro trimestre.

“Não queremos fechar mais balcões, não é parte da estratégia”, garantiu.

O Banco BPI, desde início deste ano detido maioritariamente pelo grupo espanhol CaixaBank, apresentou hoje prejuízos de 102 milhões de euros entre janeiro e junho, que compara com o lucro de 106 milhões de euros obtido em igual período do ano passado.

O banco explicou o prejuízo com o impacto da mudança de tratamento contabilístico da participação de 48% no Banco de Fomento Angola (BFA), resultante da venda parcial feita no primeiro trimestre, que teve um peso de 212 milhões de euros após impostos, e do custo de 106 milhões de euros com o programa de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas.

Contudo, estas saídas de pessoal permitirão ao BPI poupar no futuro cerca de 36 milhões de euros por ano, segundo estima o banco.

Já excluindo estes fatores extraordinários, o BPI teve resultados recorrentes de 188 milhões de euros no primeiro semestre, mais 82 milhões do que no mesmo período de 2016.

Estes foram os primeiros resultados do BPI apresentados pelo novo líder executivo do banco, Pablo Forero, depois de ter recebido autorização do Banco Central Europeu (BCE) para ocupar a função.

Ao seu lado, na conferência de imprensa, estava apenas o administrador Pena do Amaral.

Fernando Ulrich, que é agora presidente do Conselho de Administração (‘chairman’) do banco, não esteve presente.

Forero justificou a ausência de outros administradores executivos com o facto de terem “muito trabalho”.