Segundo o documento “Perspetivas empresariais nº 3”, relativo ao terceiro trimestre de 2018, o organismo acredita que este abrandamento “é generalizado a praticamente todos os sectores”.

Para o Fórum “o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] do 1.º semestre de 2018 foi apenas de 2,2%, pelo que, num contexto de desaceleração generalizada, é improvável que o conjunto do ano consiga superar aquele valor. Por isso, a previsão do governo para 2019 parece demasiado otimista”.

Paralelamente, o relatório aponta para menos crescimento do emprego, sendo que este indicador “começou a abrandar, de 3,2% para 2,4% no 2.º trimestre de 2018 e o desemprego deve continuar a cair, mas de forma menos intensa”.

O Fórum para a Competitividade alertou ainda para um arrefecimento internacional que, na União Europeia, está a acontecer “de forma mais pronunciada do que o inicialmente esperado, a que há que acrescentar um número crescente de economias emergentes em dificuldades”.

Outro fator de risco é o aumento das taxas de juro. “Em 2019, a Euribor a seis meses deve passar a ser positiva, devido à subida de taxas de referência pelo BCE, enquanto o euro deve recuperar face ao dólar”, garante o Fórum.

Por outro lado, “no próximo ano, tanto o preço do petróleo como o do gás natural deverão cair”, prevê o organismo.

No que diz respeito à concessão de crédito, embora os indicadores tanto no caso do consumo como da habitação mostrem uma recuperação, “a tendência de recuperação dos agregados de crédito ainda terá algum fulgor adicional, mas antecipamos que esse aumento estará limitado”, tendo em conta a “debilidade idiossincrática do modelo de crescimento do país e os sinais evidentes de desaceleração internacional”, refere o Fórum.

Faz ainda uma análise detalhada à situação atual em Angola e sugere medidas. “As autoridades de Angola têm lançado um plano muito consistente de atração de investimento estrangeiro, com três pilares: a luta contra a corrupção; o programa de ajuda do FMI [Fundo Monetário Internacional], com todas as suas exigências; alterações à lei de investimento privado, que dispensa os investidores de ter sócios angolanos”, enumera o documento.

Para a entidade falta um quarto pilar, “que passa por criar condições materiais de oportunidade de negócio exportador".

Para isso, "sugerimos a criação de uma Zona Económica Especial, num dos portos fora de Luanda, com um conjunto muito alargado de facilidades, a nível fiscal, aduaneiro, administrativo entre outros, a par da criação de infraestruturas, em parceria com o setor privado”, aponta.

O Fórum recorda ainda que foi implementada uma nova plataforma transacional do Sistema de Créditos com Garantia do Estado.

Em agosto, a entidade estimava que a economia portuguesa teria acelerado no segundo trimestre, podendo apresentar um crescimento homólogo entre 2,2% e 2,5%.

O organismo lamentava que o país estivesse a desperdiçar a conjuntura externa. “Portugal está a desperdiçar uma conjuntura externa excecional, que já está mesmo a dissipar-se, não aproveitando para convergir com a União Europeia”, lê-se na nota de conjuntura referente a julho.

"Este Governo não tomou qualquer medida de fundo que permitisse diminuir os custos de contexto, que representam alguns dos maiores obstáculos ao crescimento económico, que é um dos nossos maiores problemas", concluiu a nota.