A água é um dos fatores chave dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030, definidos pela ONU, já para não mencionar da saúde e prosperidade das pessoas e do planeta. Em 1993, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o dia 22 de março como o Dia Mundial da Água. Este dia foi criado com o objetivo de acelerar a mudança e promover a resolução da crise da água e do saneamento.

E passados 30 anos, a ONU organizou em Nova Iorque, entre os dias 22 e 24 de março, a primeira Conferência sobre a Água. Uma conferência coorganizada pelos governos do Tajiquistão e dos Países Baixos, que marca um momento decisivo para mobilizar não só a ONU, mas também os estados-membros e outras partes interessadas, a marcarem a sua posição e aplicarem soluções à escala global.

Em 2015, o mundo comprometeu-se com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que integram a Agenda 2030, prometendo uma gestão segura e responsável da água e do saneamento até 2030. Contudo, neste momento, estamos seriamente atrasados.

Não é segredo que são necessários compromissos inovadores e imediatos. Milhares de milhões de pessoas ainda vivem sem água potável, nem saneamento seguro, apesar do acesso aos mesmos ter sido definido, há muito tempo, como um direito humano básico. A falta de acesso ao saneamento é uma das principais causas da poluição da água, o que, consequentemente, dificulta a disponibilidade da mesma para usos e serviços essenciais.

A realidade resume-se ao simples facto de que sem água suficiente na altura certa e com a qualidade necessária, não existe caminho para um desenvolvimento sustentável. Segundo a ONU, os governos têm de trabalhar, em média, quatro vezes mais depressa de forma a cumprir os ODS a tempo, mas esta não é uma situação que compete unicamente aos governos e a Free Water é um exemplo disso.

Um produto que é um caso à parte

Fundada em 2021, a FreeWater é a primeira empresa de bebidas gratuitas a nível mundial e veio revolucionar o mercado da água através da publicidade.

Em 2015, Josh Cliffords, o fundador e CEO da empresa, cancelou a sua viagem à volta do mundo para participar num programa de voluntariado na Europa de Leste. No ano seguinte, ajudou mais de 10.000 pessoas, mas as suas ações pareciam fazer pouca diferença no panorama geral:

  • Mais de 20% das pessoas auxiliadas disseram ter deixado o seu país devido ao facto de não terem acesso a água, alimentos ou medicamentos.
  • 47% da população mundial vive em áreas que sofrem de escassez de água durante pelo menos um mês por ano.

Assim, começou a procurar por uma solução que pudesse garantir não só o fornecimento de água limpa e gratuita, como a construção das infra-estruturas necessárias para que as comunidades numa situação mais complicada.

A FreeWater oferece água engarrafada de nascente e de qualidade, de forma gratuita, e disponibiliza o seu rótulo e embalagem como um novo tipo de meio publicitário através do qual gera receitas que cobrem os custos de produção e distribuição. Em simultâneo, dá também prioridade à filantropia e à sustentabilidade, doando dez cêntimos de cada bebida vendida a instituições de caridade para construir poços de água em países que não têm acesso à mesma e a saneamento básico.

Parte do seu lucro vai para a Well Aware, uma empresa sem fins lucrativos baseada na mesma cidade que a FreeWater – Austin no estado americano do Texas – que constrói poços em aldeias africanas. Por cada 150 unidades de FreeWater distribuídas é doado dinheiro suficiente para fornecer a uma pessoa uma fonte de água segura para o resto da sua vida.

A embalagem

A dependência do ser humano para com o plástico tem crescido bastante desde dos finais do século XX, por este ser um material acessível, versátil e durável. Contudo, é aí que começa o problema. A maioria dos materiais plásticos leva séculos a degradar-se e a maior parte do plástico que deitamos ao lixo ainda existe; no entanto, continuamos a produzir e a consumir mais.

Desta forma, deparamo-nos com uma quantidade de plástico no nosso planeta com que não conseguimos lidar. São produzidas cerca de um milhão de garrafas de plástico por minuto e apenas 9% das mesmas são recicladas.

Quando chegou a hora de escolher um material para as embalagens de FreeWater, a empresa teve em consideração os prós e contras das garrafas de alumínio e das caixas de papel que atualmente usam e, apesar de nenhuma das opções ser perfeita, são ambas bastante mais sustentáveis do que as garrafas de plástico. A FreeWater leva esta ambição um passo mais à frente e tem como objetivo, a longo prazo, cultivar, fabricar, encher, distribuir e reciclar todas as bebidas, em caixas feitas totalmente de cânhamo, tudo a partir de um único local.

A ideia

FreeWater é o primeiro produto daquilo que a empresa espera vir a ser um supermercado totalmente gratuito. Já estão a ser criados uma série de processos que permitirão a distribuição gratuita e rentável de praticamente todo o tipo de produtos que podem ser adquiridos, hoje em dia, num supermercado normal. Isto inclui não só água, mas também alimentos, outras bebidas, vestuário, medicamentos, aparelhos eletrónicos, entre outros.

Cada categoria de produtos irá, eventualmente, doar uma percentagem das suas receitas a uma organização de caridade diferente, perpetuando o objetivo social e sustentável em que se baseia a FreeWater. De acordo com a empresa, se apenas 10% dos americanos escolhessem a FreeWater, a crise global da água poderia ser resolvida de forma permanente.

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