“Para além de um possível abrandamento no crescimento mundial, as ações dos EUA para reequilibrar os desequilíbrios comerciais também têm implicações significativas para África”, lê-se num relatório do banco sobre o comércio mundial.

Os economistas liderados por Hippolyte Fofack escrevem que a China e a União Europeia, “que são os principais alvos das políticas protecionistas dos EUA, são também os principais parceiros comerciais do continente africano, representando mais de 44% do comércio total de África em 2017″.

“O impacto em África pode ser especialmente pronunciado dado que a região se tornou fortemente dependente da China nos últimos anos”, acrescenta-se no ‘Trade & Development Finance Brief’ datado de julho, mas só esta semana disponibilizado pelo Afreximbank.

Em julho, o Presidente norte-americano, Donald Trump, impôs taxas alfandegárias de 25% sobre 34 mil milhões de dólares (29 mil milhões de euros) de importações chinesas, contra o que considerou serem “táticas predatórias” de Pequim, que visam o desenvolvimento do setor tecnológico.

A China retaliou com o aumento dos impostos sobre o mesmo valor de importações oriundas dos EUA.

Em abril, o Fundo Monetário Internacional alertou que o aumento da exposição africana à China implicava que um declínio de 1% no crescimento do investimento público chinês implicava um abrandamento de 0,6% no crescimento económico africano, sendo que “para os países exportadores de petróleo e com recursos naturais abundantes a ligação é ainda maior”, escreve o Afreximbank.

No entanto, conclui o banco, a guerra comercial traz também oportunidades para África, já que “as empresas de manufatura, especialmente chinesas, podem deslocalizar-se para o continente para aproveitarem os baixos custos de mão de obra e o acesso preferencial para o mercado norte-americano ao abrigo do ‘African Growth and Opportunity Act’ (AGOA)”, uma lei que permite condições mais vantajosas aos produtos e serviços africanos.