No relatório detalhado que explica a decisão de descer o ‘rating’ de Angola, no final da semana passada, e a que a Lusa teve hoje acesso, os analistas escrevem que “apesar de o Governo estar empenhado em avançar com reformas estruturais, os riscos de execução podem atrasar a implementação do programa do FMI e há desafios importantes que permanecem a médio prazo”.

O relatório reconhece que “o Governo está empenhado em prosseguir as reformas estruturais” anunciadas pelo novo Presidente angolano desde agosto do ano passado e explica que “a abordagem de Angola ao FMI sustenta a implementação do plano económico do Governo, mas os riscos são significativos”, a começar pela “limitada diversificação da economia”, mas também a “falta de concorrência e a elevada burocracia”, além da “relativamente incipiente infraestrutura”.

Todos estes aspetos, nota a Moody’s, “limitam a classificação da Força Económica”, um dos aspetos utilizados na metodologia de atribuição do perfil de crédito pela Moody’s, juntamente com a Força Institucional, Força Orçamental e Exposição a um Evento de Risco.

A Moody’s desceu na sexta-feira, 27 de abril, o ‘rating’ de Angola, de B2 para B3, mudando a Perspetiva de Evolução de ‘Negativa’ para ‘Estável’, concluindo assim o processo de revisão em baixa iniciado em fevereiro passado.

As principais razões para a descida do ‘rating’, que se afunda ainda mais em território de ‘Não Investimento’, ou ‘Junk’ (lixo), como é normalmente conhecido, são “os riscos de refinanciamento interno e externo, que se manterão altos pelo menos nos próximos dois anos, e as métricas orçamentais e o peso da dívida, que já não estão em linha com os pares avaliados em B2″.

A ‘Perspetiva de Evolução’ do ‘rating’ de Angola subiu para ‘Estável’, uma semana depois de ter assinado com o FMI um Instrumento de Coordenação de Políticas, e de a agência S&P melhorar o ‘rating’, e na mesma semana em que o Ministério das Finanças estava a apresentar aos investidores a intenção de lançar uma emissão de dívida pública de dois mil milhões de dólares em maio.

Na explicação da descida do ‘rating’ e atribuição da Perspetiva de Evolução Estável, a Moody’s diz que “isso reflete a expectativa de pressões de crédito equilibradas, com uma recuperação potencial gradual apoiada pelo aumento da produção de petrolífera”, mas também dos preços do petróleo.

“Os preços mais altos vão melhorar a posição externa do Governo e dar algum alívio às pressões de liquidez e à capacidade de servir a dívida”, escrevem os analistas da Moody’s, concluindo que “o âmbito e profundidade das reformas iniciadas pelo novo Governo e o potencial do programa do FMI de Instrumento de Coordenação de Políticas devem assegurar o regresso à estabilidade macroeconómica a médio prazo”.

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