A posição está expressa num direito de resposta a um editorial do Jornal de Angola - assinado pelo seu novo diretor, Victor Silva -, divulgado pela ex-presidente do conselho de administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), nomeada para o cargo por José Eduardo dos Santos, em junho de 2016, e exonerada este mês pelo novo chefe de Estado, João Lourenço.
"A sua afirmação, de que o meu estatuto de ‘filha de um chefe de Estado' teria sido uma desvantagem para garantir o financiamento necessário para a reestruturação da Sonangol, é contrariada por factos facilmente verificáveis. De destacar que trabalhei ao longo da minha carreira profissional (20 anos) com esse estatuto, sendo que o mesmo nunca me impediu de desenvolver relacionamentos bancários com as principais instituições financeiras internacionais", acusa a empresária, no direito de resposta que divulgou hoje.
"A palavra nepotismo significa a promoção de uma pessoa incompetente para um determinado cargo pelo único facto de ser membro da sua família. Como a minha competência não está em questão, não será apropriado tentar estabelecer um vínculo entre as minhas relações familiares e os resultados do meu mandato", critica ainda.
Em causa está o primeiro artigo de opinião assinado pelo novo diretor do Jornal de Angola, publicado a 19 de novembro, poucos dias depois de ter sido empossado pelo chefe de Estado, João Lourenço, como presidente do Conselho de Administração da empresa "Edições novembro", que publica aquele diário estatal.
No artigo, Victor Silva relacionava a exoneração de Isabel dos Santos da Sonangol por ser uma "pessoa politicamente exposta [PEP]", recusando que haja um conflito político entre o Presidente angolano e o ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos, que se mantém como líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Afirmou ainda que "a questão não deve ser posta no facto de Isabel dos Santos ser filha do ex-Presidente da República", o que dificultou que a petrolífera nacional conseguisse "os financiamentos externos necessários ao seu desenvolvimento por saber-se que no combate ao branqueamento de capitais há pessoas politicamente expostas" e que "estão sob o radar do mundo financeiro mundial".
Críticas infundadas, segundo a posição divulgada por Isabel dos Santos, que acusa "haver uma profunda confusão entre o significado de nepotismo e o significado de PEP, tornando-se a mesma cada vez mais comum no debate público".
"Deveria caber à comunicação social informar e educar a opinião pública sobre temas desta natureza de forma responsável, em vez de incendiar polémicas infames que têm em si motivações políticas. Esse é o papel desempenhado pelas redes sociais", critica, por seu turno, a empresária.
Refere ainda que o conceito de PEP é usado no editorial em questão "de uma forma tendenciosa": Por definição, todos os membros dos Conselhos de Administração das empresas públicas, incluindo da Sonangol , são PEP’s, o que não afeta a sua capacidade de gerir relações bancárias em nome das empresas que representam".
Neste direito de resposta - que segundo a empresária não foi publicado pelo Jornal de Angola, que alegou exceder, em tamanho, o artigo que lhe deu origem e factos não visados no mesmo -, Isabel dos Santos acrescenta que foi durante a vigência do Conselho de Administração que liderou que a Sonangol "conseguiu finalmente estabelecer ligações bancários e ter contas abertas nos Estados Unidos de América".
"Situação que não havia sido possível durante muitos anos", enfatizou.
Isabel dos Santos foi substituída na administração da Sonangol, este mês, por Carlos Saturnino, indicado pelo novo chefe de Estado, João Lourenço.
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