Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Sonae adianta que “apesar dos impactos negativos causados pela covid-19, tanto a nível operacional como no que diz respeito à reavaliação de ativos, o resultado líquido da Sonae atribuível a acionistas foi positivo e atingiu 71 milhões de euros em 2020″.

Em igual período, o volume de negócios consolidado subiu 6,1% em termos homólogos para 6.827 milhões de euros, “devido sobretudo ao contributo positivo da Sonae MC e da Worten”, refere o grupo.

No quarto trimestre, “e apesar das várias restrições implementadas pelas autoridades nacionais, o volume de negócios consolidado da Sonae aumentou 6,6%” para 1.919 milhões de euros.

O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) recuou 9,2% para 631 milhões de euros.

“Em termos de rentabilidade operacional, o EBITDA subjacente atingiu 187 milhões de euros [-4,6%] no quarto trimestre, devido às restrições que afetaram principalmente a Sonae Fashion e a Sonae Sierra”, refere a Sonae.

“No total do ano, o EBITDA subjacente foi de 593 milhões de euros, apenas 1% abaixo de 2019″, acrescenta.

O resultado indireto situou-se em 59 milhões de euros negativos, “impactado negativamente por uma redução de 91 milhões de euros no valor das propriedades de investimento da Sonae Sierra impulsionada pela pandemia, e positivamente pelas reavaliações no portefólio da Sonae IM de 39 milhões de euros”.

A Sonae gerou um ‘free cashflow’ de 220 milhões de euros antes de dividendos pagos.

“Apesar deste ano desafiante, a Sonae foi capaz de alcançar uma melhoria do ‘cash flow’ operacional dos negócios integralmente consolidados (+28,9% face ao período homólogo), o que, juntamente com a venda de ativos, mais do que compensou o ‘cash’ despendido nas operações de M&A [fusões e aquisições]”.

A geração de ‘free cash flow’ da Sonae, “juntamente com os dividendos pagos aos acionistas da Sonae e aos acionistas minoritários da Sonaecom e da Sonae Sierra (totalizando 166 milhões de euros de dividendos em 2020), permitiu uma diminuição de 4% da dívida líquida face ao final de 2019, para 1.103 milhões de euros”, acrescenta o grupo, destacando que “uma vez mais” conseguiu “reduzir a dívida líquida e reforçar ainda mais a sua estrutura de capital”.

O aumento do volume de negócios “foi fortemente impulsionado pelas vendas ‘online’, sendo que os principais negócios de retalho atingiram quotas de mercado ‘online’ bastante acima das suas quotas de mercado já de liderança no ‘offline'”, adianta a Sonae

O total de receitas agregadas do comércio eletrónico dos negócios do grupo mais que duplicou no ano passado, para 480 milhões de euros, o que “comprova as competências digitais dos negócios da Sonae, num contexto de súbita aceleração do ‘e-commerce'”.

O volume de negócios da Sonae MC atingiu 5.153 milhões de euros, mais 9,6% um ano antes, com um aumento das vendas LfL (‘like-for-like’, ou seja, vendas em lojas que operaram sob as mesmas condições no período em análise) de 6,6%.

“Este crescimento foi também o reflexo da presença e liderança da empresa no canal ‘online’ – as vendas ‘online’ aumentaram 80% no ano”, acrescenta, apontando ainda que a Sonae MC manteve “o seu ritmo de expansão com a abertura de 89 novas lojas próprias (das quais 13 lojas de proximidade, Continente Bom Dia), tendo o investimento ascendido a 205 milhões de euros”.

O EBITDA subjacente subiu 10% para 526 milhões de euros, com o aumento das vendas a “mitigar os custos relacionados com a covid-19″.

O volume de negócios da Worten subiu 6,8% para 1.161 milhões de euros no ano passado, com o LfL a progredir 8,6%. No quarto trimestre, esta cadeia de retalho “continuou a registar um crescimento robusto das vendas de 12,2% (12,8% em termos LfL), mostrando claramente que a sua abordagem omnicanal é uma proposta de valor vencedora”.

A Worten “reforçou ainda mais a quota de mercado em Portugal em ambos os canais, com a quota de mercado ‘online’ já a ultrapassar a do ‘offline'”, sendo que as vendas ‘online’ “representaram, pela primeira vez, um peso de dois dígitos no total do volume de negócios” em 2020.

Apesar dos custos relacionados com a covid-19, “o forte desempenho das vendas, aliado aos ganhos de eficiência, resultou num EBITDA subjacente de 74 milhões de euros, 17 milhões de euros ou 30% acima do ano passado”.

A Sonae Fashion, com retalho de moda e calçado, atingiu um volume de negócios de 112 milhões de euros no quarto trimestre, que “foi melhor do que o esperado”, menos 1,6% face a igual período de 2019.

No ano, o volume de negócios caiu 12,2% para 344 milhões de euros, sendo que “as vendas ‘online’ foram fundamentais para este desempenho, tendo duplicado o seu peso no volume de negócios total, passando de 7% em 2019 para 14% em 2020″.

A Sonae Fashion superou claramente o mercado num cenário tão desafiante. A capacidade das equipas de se adaptarem constantemente permitiu à empresa assegurar todos os fluxos de receitas adicionais possíveis, nomeadamente através da introdução de novas categorias de vendas (como a inovadora máscara reutilizável desenvolvida pela MO) e de novas e melhoradas formas digitais de atendimento ao cliente (incluindo o serviço de “venda ao postigo” ou a implementação de um atendimento personalizado via webchat e WhatsApp).

O EBITDA subjacente foi positivo em 13 milhões de euros, “impulsionado sobretudo por um forte desempenho no 4.º trimestre (EBITDA subjacente total de 11,4 milhões de euros)”.

O negócio ISRG foi um dos “mais afetados pela pandemia, tendo tido todas as lojas encerradas por um longo período, o que impactou significativamente o desempenho”. O volume de negócios desceu 2% nos últimos 12 meses para 660 milhões de euros e um EBITDA de 48 milhões.

“As vendas ‘online’ mais do que triplicaram e já representam cerca de 10% das vendas nos últimos 12 meses”, adianta a Sonae.

No ano passado, a Sonae Sierra “foi severamente afetada pela pandemia e consequentes restrições do número de visitantes e/ou o encerramento de lojas impostas em todo o mundo”, sendo a “empresa mais impactada do portefólio da Sonae”.

Administração propõe dividendo de 0,0486 euros por ação

O Conselho de Administração da Sonae anunciou hoje que vai propor à assembleia-geral de acionistas o pagamento de um dividendo de 0,0486 euros por ação, um aumento de 5% face ao anterior anterior.

"Tendo em vista os resultados líquidos do exercício de 2020, e de acordo com a nossa política de dividendos, o Conselho de Administração irá propor à assembleia-geral anual de acionistas o pagamento de um dividendo de 0,0486 euros por ação, 5% acima do dividendo distribuído no último ano", refere o grupo liderado por Cláudia Azevedo, no comunicado de resultados do ano passado.

"Este dividendo corresponde a um 'dividend yield' de 7,4%, com base na cotação de fecho de 31 de dezembro de 2020 (que se situou em 0,66 euros), e a um 'payout ratio' de 85% do resultado direto consolidado atribuível aos acionistas da Sonae", acrescenta, no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Sonae "na expectativa" que arresto da ZOPT seja "corrigido" para dissolver parceria

A presidente executiva da Sonae, Cláudia Azevedo, afirmou hoje que está "na expectativa" que "seja corrigido" o arresto de bens da ZOPT para que a parceria com a empresária angolana Isabel dos Santos seja dissolvida.

Cláudia Azevedo falava na conferência de imprensa dos resultados da Sonae de 2020, que decorreu por videoconferência.

Questionada sobre o processo de dissolução da ZOPT - detida em 50% pela Sonaecom e a restante metade por Isabel dos Santos -, Cláudia Azevedo disse estar a aguardar que a situação esteja resolvida.

"Em agosto do ano passado anunciámos que tínhamos chegado a acordo de dissolver a nossa parceria", recordou a gestora.

Mas, "o que acontece é que, neste momento, temos metade das ações da ZOTP arrestadas - o que nós achamos que é um erro -, porque o que o procurador angolano queria era arrestar a parte da engenheira Isabel dos Santos e das suas empresas", explicou, apontando tratar-se de "processos que estão em Angola e a Sonae não tem nada a ver" com o assunto.

No entanto, "ao arrestar, em vez de arrestar essa parte ou arrestar metade da ZOPT, arrestou também a participação da Sonaecom", disse.

Portanto, "estamos na expectativa que esse erro seja corrigido", já que o objetivo é "participarmos diretamente" na operadora de telecomunicações, ou seja, "a ZOPT acaba e nós participamos diretamente na NOS", sublinhou a presidente executiva da Sonae.

Além disso, "também não podemos distribuir dividendos", acrescentou.

"Acho que o tribunal tinha a intenção de que a outra parte não distribuísse dividendos ao fazer o arresto de 50 [metade], até podemos distribuir dividendos, mas também desses 50 metade iam para o parceiro", pelo que para cumprir a lei "também não fizemos", adiantou.

"Estamos na expectativa que isto seja corrigido já que toda a gente está consciente que a Sonae foi arrastada para um processo que não diz respeito à Sonae", afirmou, acrescentando esperar que o assunto "seja rapidamente corrigido".

E acrescentou: "A nossa intenção é participar na NOS, uma empresa que nós gostamos muito e até reforçámos a nossa participação e, de alguma forma, gostaríamos de estar no 'driving seat' [lugar do condutor] da NOS".

Em agosto, a Sonae informou a formalização de um contrato de compra e venda com o BPI para comprar 7,38% da NOS, adiantando que, quando a ZOPT for dissolvida, passará a deter 33,45% da operadora de telecomunicações.

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