Faltavam minutos para o final do prazo da candidatura ao Eurogrupo quando o gabinete de António Costa publicou uma nota a confirmar a entrada do ministro das Finanças, Mário Centeno, na corrida ao Eurogrupo. Portugal foi até agora o único Estado-membro, entre os 19 pertencentes à zona euro, a assumir oficialmente a entrada na “corrida”.
Mário Centeno, 50 anos, natural de Olhão, Algarve, é ministro das Finanças desde 26 de novembro de 2015.
A menos de uma hora do prazo final para a entrega de candidaturas, o Governo português ainda não tinha anunciado a candidatura de Centeno, mas vários órgãos de comunicação social internacionais avançavam que o ministro português ganhou a “corrida” entre os “candidatos a candidatos” dos Socialistas Europeus, a família política com mais possibilidades de garantir (neste caso, manter) o posto até agora ocupado pelo holandês Jeroen Dijsselbloem.
Segundo o Financial Times, à margem da cimeira UE-África que decorre em Abidjan, a chanceler Angela Merkel e o Presidente francês, Emmanuel Macron, reuniram-se, na quarta-feira, com os primeiros-ministros de Portugal, António Costa, e de Itália, Paolo Gentiloni, para decidir quem deveria avançar entre Centeno e o ministro italiano Pier Carlo Padoan, tendo a escolha recaído no ministro português.
A imprensa italiana adiantou hoje que o Governo de Itália irá, efetivamente, apoiar Centeno, isto depois de, no último Eurogrupo, também o ministro espanhol Luis de Guindos ter anunciado o seu apoio ao ministro socialista português caso este avançasse, apesar das diferenças partidárias (o Governo espanhol pertence ao Partido Popular Europeu, PPE).
Quem, no entanto, avançou antes de Centeno, depois de já ter assumido publicamente “interesse” no cargo, foi a ministra letã Reizniece-Ozola, de 36 anos, que pertence à família política dos Verdes (embora fazendo parte de um Governo que integra o PPE), segundo várias fontes governamentais da Letónia.
Permanecia também a incógnita em torno do ministro eslovaco Peter Kazimir, que há muito admite interesse em ocupar a presidência do fórum de ministros das Finanças da zona euro, mas que reunirá poucos apoios dentro da família socialista, à qual pertence.
O ministro luxemburguês Pierre Gramegna, que pertence à família políticas dos Liberais, também poderá avançar, tendo contra si o facto de a presidência da Comissão Europeia já ser ocupada por um seu compatriota, Jean-Claude Juncker.
O prazo para apresentação de candidatos ao cargo de presidente do Eurogrupo terminou hoje, às 11:00 de Lisboa, estando a eleição agendada para a reunião do Eurogrupo da próxima segunda-feira, em Bruxelas.
Os nomes dos restantes candidatos só devem ser conhecidos amanhã
A lista final de candidatos ao cargo de presidente do Eurogrupo só será divulgada na sexta-feira, mas Mário Centeno deverá ter pelo menos a concorrência dos seus homólogos da Letónia e da Eslováquia.
Sabe-se que também a ministra letã Dana Reizniece-Ozola (Verdes) e o ministro eslovaco Peter Kazimir (igualmente socialista) terão apresentado as respetivas candidaturas até ao prazo limite, segundo a imprensa dos respetivos país, que citam fontes governamentais.
Contactada pela Lusa, a assessoria de imprensa do presidente do Eurogrupo escusou-se a revelar quantos candidatos estão na corrida à sucessão de Jeroen Dijsselbloem, apontando que a lista definitiva será publicada na sexta-feira de manhã, tal como já indicara o ainda presidente do fórum de ministros das Finanças da zona euro por ocasião do lançamento das candidaturas, em meados de novembro.
Oficial, para já, só é mesmo a candidatura de Mário Centeno, que tem prevista, para as 13:00, uma declaração à imprensa sobre a sua candidatura à presidência do Eurogrupo, indicou o Ministério das Finanças.
Kazimir também pertence à família política dos Socialistas Europeus, mas é conhecido por assumir posições mais próximas da chamada “linha dura”, como aconteceu durante a última crise grega, quando a Eslováquia era dos aliados mais próximos do então ministro alemão Wolfgang Schäuble.
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