“Assumimos esta fábrica numa altura em que todos os ex-funcionários da Cofaco [empresa de conservas que encerrou a fábrica na ilha do Pico em 2018] que foram para o desemprego terão prioridade absoluta na contratação. Esta ligação existe, embora seja a única, porque nada nos une à Cofaco”, declarou o empresário, a propósito da cerimónia do lançamento da primeira pedra da empreitada.
José Freitas, também presidente da conserveira Cofisa, que detém a marca Vasco da Gama, destacou que o projeto para a nova fábrica na ilha do Pico está “orçamentado em 15 milhões”, tem a “possibilidade de criar 130 postos de trabalho”, apontando-se a conclusão da empreitada em dezembro.
O empresário, que lidera a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe, disse esperar que a obra fique concluída em dezembro, até porque o projeto contempla financiamento do Quadro Comunitário de Apoio 2014-2020.
“Este projeto ainda faz parte do quadro comunitário anterior que fecha em dezembro de 2022 e, portanto, é esse o nosso prazo de execução da obra. Poderá haver uma derrapagem de um ou dois meses, mas nada mais do que isso porque estamos no limite do encerramento do quadro”, apontou.
A cerimónia de lançamento da primeira pedra da nova fábrica de conservas da Conseran – Conservas do Atlântico realizou-se hoje na freguesia das Bandeiras, concelho de Madalena do Pico, com a presença do presidente do presidente do Governo dos Açores, o social-democrata José Manuel Bolieiro.
José Freitas defendeu que os Açores podem ter uma “relevância muito maior” nos mercados que valorizam a “sustentabilidade e as questões ambientais”.
“Refiro-me essencialmente ao mercado do norte da Europa. A nossa grande aposta são os mercados, não de produto básico, mas de um produto que se distinga pela origem e pela qualidade, destinando-se a mercados em que o nível de preço não seja o do produto básico”, acrescentou.
O empresário destacou que o arquipélago tem “projetos aliciantes ligados à fileira”, como a criação de uma “plataforma marítima produzida”.
“Os mercados estão mais exigentes nessas questões ambientais e principalmente a juventude está muito sensível a estas questões. Os Açores são de facto hoje, ainda não com o potencial que podem ter, uma referência e podem até ser uma referência mundial”, concluiu.
Em 24 de agosto de 2021 foi publicado, em Jornal Oficial dos Açores, o contrato para a empreitada de construção da Fábrica de Conservas na Madalena, na ilha do Pico, da responsabilidade da Conseran.
Em maio de 2018, a conserveira Cofaco, dona do atum Bom Petisco, encerrou a fábrica da ilha do Pico, despedindo 162 trabalhadores. Nessa altura, a Cofaco anunciou o compromisso de abrir uma nova fábrica na ilha até janeiro de 2020, mas, entretanto, desistiu do projeto.
Agora, para a Conseran, “todos os trabalhadores da Cofaco serão prioritários”.
“Por motivos vários. Primeiro, pela situação em que estão e depois, sejamos sinceros, trarão uma mais-valia porque conhecem a atividade e a necessidade de formação será muito inferior à de outro trabalhador”, afirmou o responsável pela Conseran.
Na terça-feira, o sindicato do setor denunciou que a maioria dos ex-trabalhadores da conserveira Cofaco da ilha do Pico, nos Açores, não teve acesso a majorações de apoios sociais devido à demora na regulamentação da legislação.
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