“O que nós precisamos de saber é se estas operações de registo de imparidades sucessivas que permitiram ao Novo Banco estar a ir buscar, constantemente, dinheiro público ao fundo de resolução, como é que as operações foram feitas e como é que estas decisões foram tomadas”, adiantou Catarina Martins.

A bloquista considerou que “as auditorias que existiram até agora foram auditorias que se debruçaram sobre os procedimentos formais, se formalmente se cumpriram os vários passos, mas nunca se debruçaram sobre a avaliação dos ativos, sobre a venda desses ativos e o registo das imparidades”.

“O que nós queremos perceber é se as notícias que nos dizem que carteiras de ativos que tinham um valor, foram vendidas por um valor muito inferior e, às vezes até, a empresas com interesses cruzados com acionistas de quem vendeu, da Lone Star”, continuou.

No seu entender, “há aqui uma teia estranha na forma como estes prejuízos e estas imparidades do Novo Banco têm sido registadas que têm levado a perdas de dinheiro público e é sobre isso que o BE se vai debruçar nesta comissão de inquérito”, que hoje tomou posse, na Assembleia da República.

Em Viseu, à margem de uma reunião com agentes culturais da região sobre as consequências da pandemia no setor, Catarina Martins criticou todo o processo do BES e “a forma como tinha uma teia de criminalidade económica que destruiu tantas empresas em Portugal”.

“Há uma coisa que sabemos, em anos que alternaram Governos de PS, PSD e CDS é que esteve lá sempre alguém do BES nos conselhos de ministros e etc e a comissão de inquérito revelou também esta promiscuidade para, entretanto, compreendermos o que aconteceu”, anotou.

A dirigente lembrou a “entrega do Novo Banco à Lone Star”, uma decisão que o BE contestou, vincou, e que a "Lone Star vai buscar dinheiro ao fundo de resolução, que é dinheiro público, tendo em conta o registo de imparidades de prejuízos que vai fazendo”.

“O que não é, nem nunca foi investigado, é como é que regista essas imparidades, como é que regista esses prejuízos. À Lone Star calha-lhe bem registar o máximo de prejuízos num curto espaço de tempo para poder ir buscar, o mais depressa possível, uma enorme quantidade de dinheiro público. Ao Estado é que não convém, seguramente, esta operação”, reforçou.