Nos últimos anos, Portugal consolidou-se como um destino atrativo de Investimento Direto Estrangeiro (IED).
Portugal levou alguns anos a recuperar da crise financeira de 2010 a 2014, no entanto, tem vindo a demonstrar resiliência. Dessa resiliência, entre outras coisas, resultou um ecossistema de startups de valor global de interesse e atractividade acrescidos e às quais investidores continuam a fornecer apoio financeiro.
Desde 2016, em Lisboa, o investimento em startups tem revelado um crescimento de 30% ao ano, o que representa o dobro da média do resto da Europa. Estes números são mais impressionantes quando percebemos que se focam apenas no crescimento registado na capital portuguesa. Mas há outras cidades onde as startups encontraram o local ideal para estar, como Porto, Braga e Coimbra.
No ano passado, o fluxo de investimentos contribuiu significativamente para o desempenho económico do país. Um novo recorde foi alcançado em 2019 com mais de 1.100 milhões de euros de investimento formalizados através da Agência Portuguesa de Comércio e Investimento (AICEP), o que resultou na criação de mais de 7.200 postos de trabalho.
De acordo com o Banco de Portugal, o investimento empresarial reteve a maior parte do investimento em 2019. Com a presença da COVID 19 em 2020, o otimismo do último ano diminuiu ligeiramente. Ainda assim, a atractividade de Portugal manteve-se forte e os planos de investimento de curto prazo continuam entre os mais elevados da Europa.
Este otimismo é reforçado pela projeção de que o IED em Portugal deverá permanecer mais resiliente do que os seus pares europeus, que deverão diminuir entre 35% para 50% em 2020. Felizmente para nós, fatores de atractividade de Portugal, tais como incentivos, carga fiscal e ambiente regulatório - fatores relevantes no momento de investir em no país – têm obtido uma maior e mais positiva perceção por parte dos investidores.
Isto ter-se-á verificado em 2019, quando a participação de Portugal nos projetos europeus aumentou e o país ultrapassou pares como a Itália. O melhor desempenho de IED registado no país resultou numa mais que duplicação da sua quota europeia em 2019, de 1,2% para 2,5%, passando do 17º para o 11º lugar. De acordo com o EY Attractiveness Survey [Estudo de Atratividade da EY], Portugal subiu para o 8º lugar entre as economias mais atrativas da União Europeia para investidores estrangeiros, mais do que duplicando a sua quota de projetos (de 1,2% para 2,5%). O nosso país também foi o 8º maior recetor de IED na Europa em 2019, com 158 projetos de IED no total, atingindo um recorde histórico.
Apesar do profundo impacto que a COVID-19 está a ter nas decisões de investimento este ano, o IDE em Portugal também deu mostras de resiliência quando comparado com os seus homólogos europeus. O país deve continuar a investir em tecnologia, inovação, talento e enquadramento fiscal, bem como na valorização e abordagem pró-ativa dos investidores de forma a reforçar a sua posição a longo prazo.
Para o efeito, o Governo português tem procurado aumentar e melhorar o fluxo de IDE para o país. Uma das formas em que isto se verifica é através do lançamento no desenvolvimento de energias renováveis, especificamente a energia solar e a energia das ondas. Esses setores podem oferecer novas oportunidades para investidores estrangeiros, também nos setores de tecnologia da informação e turismo. Portugal também criou zonas francas para fortalecer os investimentos orientados para a tecnologia. O programa Cidadania por Investimento, através do programa Golden Visa de Portugal, oferece uma via rápida para os investidores não comunitários obterem a cidadania em seis anos, exigindo investimentos de 350.000 euros em empresas portuguesas ou 250.000 euros em empresas em revitalização. O Governo também lançou o programa Startup Visa para empresários e investidores estrangeiros que desejam desenvolver novos projetos no país.
Em 2020, já vimos alguns investimentos relevantes no ecossistema de startups em Portugal, com um financiamento do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE) no valor de 3,8 mil milhões de euros e que deverá desencadear 13,2 mil milhões de euros em investimentos adicionais este ano. Este é o financiamento disponível, onde os investidores procuram megatendências [processos de transformação de longo prazo, de alcance muito vasto e impacto intenso] que deverão impulsionar o investimento na Europa num mundo pós-COVID. Algumas dessas tendências incluem a aceleração da adoção da tecnologia, o foco nas mudanças climáticas e na sustentabilidade, e a reconfiguração das cadeias de suprimentos.
Exemplos de startups portuguesas que receberam investimentos em 2020:
- Infraspeak - uma plataforma de manutenção personalizável, que otimiza, automatiza e simplifica os processos de gestão de limpeza, manutenção e inspeção de edifícios, incluindo hospitais, hotéis, aeroportos e centros comerciais. A startup recebeu €3 milhões da First-Minute Capital, Construtech Ventures e Innovation Nest. O investimento será usado para entrar em novos mercados e acelerar o seu crescimento nos mercados existentes.
- Replai – utilização de vídeos curtos baseados em Inteligência Artificial para manter fãs de desporto atentos. A startup garantiu € 1,2 milhão em financiamento da Bright Pixel, Clever Advertising, Ideias Glaciares e os business angels do WhatsApp, Nekki, Playrix, Unbabel e Dashdash. O investimento será usado para desenvolvimento de negócios, expansão internacional e contratação de talentos.
- Omniflow - desenvolve e produz uma plataforma de energia inteligente para Internet of Things [Internet de Objetos]. Garantiram 2,1 milhões de euros em financiamento do HCapital New Ideas Fund, um fundo português de capital de risco focado na energia, mobilidade e territórios inteligentes.
- Barkyn - uma assinatura de alimentação e serviço de cuidados veterinários online para cães. Até o momento, Barkyn já atendeu mais de 40.000 lares em toda a Europa, incluindo Espanha, Itália e Portugal. A startup recebeu € 5 milhões numa ronda de financiamento da Série A liderada pela Indico Capital Ventures e pela All Iron Ventures.
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