Nas previsões económicas hoje divulgadas, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal deverá crescer 2,1% este ano (acima dos 1,2% projetados em novembro e dos 1,8% previstos pelo Governo).
No entanto, para 2018, espera que o ritmo de crescimento em Portugal abrande para os 1,6% (acima dos 1,3% do antecipados há seis meses e dos 1,9% esperados pelo Governo).
Quanto ao défice, a OCDE acompanha as expectativas do Governo e espera que as administrações públicas fechem este ano com um défice de 1,5% e o próximo com um défice de 1%, uma estimativa que reflete uma melhoria face às projeções avançadas no final do ano passado (a OCDE antecipava que o défice fosse de 2,1% em 2017 e de 1,9% em 2018).
A OCDE considera que "um crescimento mais forte" é necessário para conseguir "a tão necessária" sustentabilidade orçamental e recorda que as exportações passaram de 27% do PIB em 2005 para os 40% do PIB em 2016, mas defende que "os ganhos podiam ser maiores se as competências dos trabalhadores fossem aumentadas".
Para a Organização, a este nível, as prioridades de Portugal devem ser "uma maior ênfase na educação vocacional, na melhoria da formação dos professores e no aumento dos recursos na educação pré-primária e primária".
A OCDE refere que "as exportações vão continuar a apoiar o crescimento, beneficiando das reformas estruturais dos anos recentes", mas alerta para que "a procura interna não deverá recuperar fortemente, tendo em conta os níveis persistentemente elevados do endividamento no setor privado".
As projeções hoje divulgadas apontam para um crescimento das exportações líquidas de 0,2% este ano e de 0,3% no próximo e, quanto ao consumo privado, antecipa-se uma subida de 2% em 2017 e de 1,5% em 2018.
A instituição liderada por Angel Gurría refere que o investimento, que a OCDE estima que deverá crescer 6,5% este ano e apenas 2,3% no próximo, "pode ser mais dinamizado por medidas de recuperação da saúde do setor bancário".
O "fraco acesso ao financiamento" é também um entrave que a OCDE identifica ao investimento: "a atividade do investimento está a ser travada pela fraca rentabilidade e pelas grandes necessidades de redução do endividamento de muitas empresas", considera a organização.
A OCDE entende que, para reduzir a incerteza em torno do setor bancário e melhorar o acesso ao crédito, "são precisas medidas de política que encorajem a redução do 'stock' de créditos malparados no balanço dos bancos".
A instituição refere-se ainda ao aumento do salário mínimo feito em janeiro de 2017, considerando que "deverá apoiar a procura", mas alertando para que "deve ser garantido que salários mínimos mais altos não têm como resultado um aumento do desemprego entre os pouco qualificados ou numa maior compressão para os trabalhos que ganham pouco mas mais do que o salário mínimo".
Quanto à dívida pública, que deverá cair para os 128,6% do PIB este ano e para os 126,5% em 2018, a OCDE alerta que a sua redução "pode ser prejudicada pela necessidade de um maior apoio público para o setor bancário ou por um aumento das taxas de juro".
Em sentido oposto, uma subida do 'rating' atribuído a Portugal pelas agências mais relevantes "pode ajudar a baixar os custos do serviço da dívida".
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