“Não há nenhum outro país na Europa – não há mesmo nenhum outro país na Europa - que nos últimos três anos tenha conseguido juntar estes indicadores todos [crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), evolução da carga fiscal e diminuição da dívida pública] no seu modelo de crescimento e na sua experiência de superação”, afirmou Mário Centeno em conferência de imprensa no Porto.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) melhorou hoje em três décimas o crescimento do PIB em 2018, de 2,1% para 2,4%, tendo também melhorado em sete décimas a evolução da economia em 2017, para 3,5%.
Já a carga fiscal de 2018 foi revista em baixa em cinco décimas, para 34,9% do PIB devido à nova metodologia do INE, mantendo-se, porém, no valor mais alto de sempre, e o défice orçamental de 2018 foi revisto de 0,5% para 0,4% do PIB.
Para o governante, com estes novos dados “o INE dá um passo muito significativo naquilo que era uma subavaliação da atividade económica, medida pela variação do PIB” e para a qual vinha alertando “ao longo dos últimos anos de forma recorrente”.
Segundo sustentou Mário Centeno, Portugal tem estimada para 2017 “a segunda taxa de crescimento do PIB mais elevada da União Europeia pré-alargamento que existe hoje em dia” e que, conjugada com os dados (ainda não finais) de 2018, “significa que Portugal hoje cresce mais do que Espanha”.
“Isto é uma novidade, mas nada com que eu possa ficar surpreendido, porque ao longo dos últimos anos tenho afirmado que a medida da avaliação do crescimento económico em Portugal estava subestimada e havia indicadores claros disso, desde logo a receita fiscal”, disse.
Para o ministro, a revisão em baixa “muito significativa” feita hoje pelo INE “de todos os indicadores da carga fiscal, da receita fiscal e da dívida pública em percentagem do PIB” são “boas notícias para Portugal e para os portugueses”, após o “enorme esforço” de recuperação económica feito ao longo dos últimos anos e num “contexto difícil de redução do endividamento”.
“Os obreiros desta pequena revolução de crescimento são os portugueses, são as empresas e as famílias portuguesas, que, responsavelmente - acompanhadas nos últimos anos pela Administração Pública, que tem cumprido todos os seus objetivos - promovem a confiança e a credibilidade em Portugal”, disse.
O ministro das Finanças destacou ainda a “profunda” alteração da estrutura da economia portuguesa apontada pelo INE entre 2014 e 2018, com o consumo público e privado a reduzirem o seu peso na estrutura do PIB e a pesarem, em conjunto, menos 3,0 pontos percentuais no ano passado face a 2014.
“Em contrapartida, ganharam peso no PIB o investimento e as exportações, [que] nunca antes tinham representado tanto daquilo que é a atividade económica em Portugal: Entre 2014 e 2018 cresceram o seu peso em 6,0 pontos percentuais, nunca nas últimas décadas as exportações e o investimento cresceram tanto o seu peso no PIB como nos últimos anos”, salientou.
Para Centeno, “isto é uma revolução de que muitos ainda não se deram conta e, por isso, continuam a repetir mensagens do passado que não estão atualizadas com a realidade do presente”.
Quanto à carga fiscal, o ministro refere que os números ainda provisórios do INE relativos a 2018 apontam para um ano que, “na sua componente de receita fiscal, tem um valor idêntico ao de 2015”, ou seja, “não aumentou o peso dos impostos no PIB entre 2015 e 2018”.
“A mesma questão se coloca em relação à dívida pública, que terminará 2019 claramente abaixo de 120% do PIB, numa redução superior a 12 pontos percentuais face ao início desta legislatura” e acima do “estimado anteriormente”, sublinhou.
E isto, acrescentou, numa legislatura que “teve a necessidade de dar resposta a problemas no setor financeiro, como por exemplo a capitalização da CGD, esforço [esse] que é refletido neste indicador da dívida pública”.
O ministro das Finanças destacou ainda a atual “dimensão externa da economia portuguesa”, salientando que “dois terços do aumento das importações em Portugal devem-se ao aumento do investimento” e que “a deterioração que se tem observado no saldo da balança de bens deve-se ao aumento das importações de bens de investimento”, já que “as importações de bens de consumo têm crescido muito menos do que as importações totais”.
“As empresas portuguesas hoje investem mais do que suas congéneres europeias, algo que não acontecia há três anos”, enfatizou, acrescentando: “Se contarmos todas as componentes da balança externa (saldo de bens, de serviços, de capital e de rendimentos), temos em 2018 um excedente igual ao de 2015, mas conseguimo-lo com muito mais investimento e com um cenário externo muito menos favorável que em 2015”.
Segundo o governante, se as importações de bens e serviços produzidos em Portugal cresciam 11% entre 2014 e 2015, “em 2018 e 2019 as perspetivas são de que essa procura cresça apenas 5%, menos de metade”.
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