"É cedo para fazer declarações sobre o valor do saldo para além daquelas que estão na projeção do Orçamento do Estado [défice de 0,2% do PIB]. É público que a execução em dezembro correu bastante bem, mas temos de esperar pelo INE [Instituto Nacional de Estatística], que divulgará os números no final de março", disse Mário Centeno aos jornalistas no Ministério das Finanças em Lisboa.
O também presidente do Eurogrupo realçou, no entanto, o "comportamento positivo das contas públicas ao longo de 2019", algo que dá "alguma confiança sobre a execução orçamental do ano".
Relativamente aos números do Produto Interno Bruto (PIB), hoje divulgados pelo INE, Mário Centeno focou-se na prestação da economia portuguesa no último trimestre do ano, com um crescimento homólogo de 2,2% e de 0,6% em cadeia.
"Este resultado é o resultado de um quarto trimestre muito forte nas exportações. O que justifica o crescimento do PIB num quarto trimestre tão forte foram as exportações. E isso são, obviamente, boas notícias", disse Mário Centeno.
O ministro disse que o comportamento das exportações "deve ser realçado, porque é um comportamento que se verifica num contexto muito difícil de tensões comerciais a nível mundial".
O governante relevou ainda que a produção industrial tenha crescido 3,9% no final do ano, "quando no conjunto da área do euro cai 4,1%".
Questionado sobre se em abril, com a apresentação do Programa de Estabilidade, o Governo pondera rever em alta as previsões para o crescimento económico em 2020, Mário Centeno deixou a 'porta' aberta a uma revisão em alta.
"Quando em abril apresentarmos o Programa de Estabilidade, vamos refletir toda a informação que temos sobre a economia portuguesa, e esta [do quarto trimestre de 2019] é uma atualização positiva, ascendente, do crescimento, e vai seguramente ser refletida nesses números", disse o ministro.
Mário Centeno considerou que os números hoje conhecidos colocam "um tom mais positivo na trajetória do PIB do que as projeções que o Banco de Portugal divulgou", aproximando-se "bastante" das que o Governo apresentou na proposta de Orçamento do Estado para 2020.
Para 2020, o Governo tem uma previsão de crescimento económico de 1,9%, acima do apontado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), de 1,8%, do Banco de Portugal, Comissão Europeia e Conselho das Finanças Públicas (1,7%), e ainda do Fundo Monetário Internacional (FMI), que é de 1,6%.
Já sobre a sua possível saída do Ministério das Finanças para o Banco de Portugal, Mário Centeno, na sua resposta, desviou-se das perguntas dos jornalistas, dizendo que "o que é importante é sublinhar o extraordinário comportamento da economia portuguesa, que se deve aos portugueses e não a questões pessoais", que considerou "não relevantes".
[Notícia atualizada às 13:54]
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