Numa intervenção de fundo no segundo dia do debate parlamentar da proposta de Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), o deputado do BE afirmou que este Governo, ao apresentar um Orçamento do Estado, o primeiro de "uma maioria absoluta do PS, que diz claramente que se rende perante a inflação e aceita a perda generalizada do poder de compra no país".

"É uma mudança brutal que não é de perda de estado de graça, é da entrada num estado de desgraça dos salários no nosso país", criticou, considerando que "a mesma ladainha [da direita] que tanto fez mal ao país vez agora pelas mãos do Governo do PS", o que o BE "não aceita".

O líder parlamentar do BE defendeu também que "é uma mentira a ideia de que a inflação é temporária", acusando o Governo de estar "a enganar as pessoas" e considerou "incompreensível que o Governo não tenha no orçamento do Estado uma resposta para a brutalidade da inflação que hoje retira poder de compra às famílias, atrasa a economia e cria mais desigualdades".

"Digam a verdade às pessoas, digam a verdade que o que vai acontecer é que os preços não vão baixar amanhã. O próprio Orçamento do Estado diz que no próximo ano os preços continuarão a aumentar", salientou, considerando que "não há nada temporário aqui, o que há é uma perda de poder de compra permanente, empobrecimento permanente do país".

Pedro Filipe Soares considerou ainda o debate "estranho", por parecer que "é sobre a história, quer económica, quer política do país na última década" e também "que o PS tenha agarrado nas maldades todas que a direita fez no Orçamento do Estado para 2013 para dizer 'nós somos diferentes'".

"Achei estranho porque este mesmo Grupo Parlamentar do PS escolheu alguém para presidente, o senhor deputado Eurico Brilhante Dias, que em 2013 dizia que o Governo de PSD e CDS, no qual esta direita toda se sentia representada, o que cortou foi pouco", indicou.

O deputado bloquista ironizou também que o atual ministro das Finanças, Fernando Medina, "vem agora dizer que afinal o ex-ministro das Finanças João Leão era um irresponsável" quando apontou "um défice de 3,2%" para este ano, entretanto revisto em baixa para 1,9%.

Numa resposta, o deputado socialista Sobrinho Teixeira salientou que "a preocupação central deste orçamento é de atender a todos os portugueses e todas as famílias", elencando várias medidas contidas no documento, e criticou que o BE "não vê ou não quer ver".

Também numa intervenção de fundo, dedicada ao tema da justiça, a deputada do PS Isabel Rodrigues admitiu que Portugal não tem "ainda um sistema de justiça isento de problemas", apontando que "não obstante a extraordinária recuperação conseguidas noutras jurisdições, subsistem na justiça administrativa e fiscal, onde a recuperação foi bastante mais tímida, níveis de acumulação processual e tempos de resolução com os quais não podemos nem queremos conformar-nos".

De seguida, a deputada salientou que, com este orçamento, o PS vai continuar a "investir na modernização da plataforma digital da justiça e em mais tecnologia ao serviço dos tribunais, da investigação criminal, dos registos" e vai reforçar a "proteção e apoio às vítimas de crimes" e "o combate à corrupção".

Também numa intervenção a partir do púlpito, o líder parlamentar do Chega insistiu no pedido ao Governo que reverta a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, considerando que essa decisão visou "agradar aos inimigos das forças de segurança" e ao BE.

Na sua intervenção, Pedro Pinto criticou também que as forças de seguranças foram “abandonadas pela esquerda”, existindo “esquadras a cair de podre” e “os subsídios de risco são utopia”.

Considerando que o OE2022 “sobre forças de segurança pouco ou nada diz”, o deputado do Chega questionou “quantos efetivos” vão reforçar as polícias.