"Estamos no começo do começo da viragem. Se temos problemas que afetam a viragem, não é uma boa notícia", começou por dizer Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.

"Para mim o caminho é de luz verde [no orçamento]. Estar já a admitir que o cenário principal é ao contrário, acho que é mau", acrescentou, frisando que "faltam nove dias" para a votação na generalidade da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022, marcada para 27 deste mês e "tudo o que seja feito nesses nove dias permite diálogo" e uma "aproximação de posições".

Sobre as opiniões demonstradas no dia de ontem pelos partidos, recebidos por Marcelo Rebelo de Sousa em audiência, afirmou que  as intervenções "foram muito esclarecedoras".

Em declarações à SIC e à RTP, no Palácio da Cidadela, em Cascais, distrito de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que "a alternativa a uma passagem do Orçamento é obviamente umas eleições antecipadas" e que na sua perspetiva "o cenário não só mais desejável mas mais natural é não haver crise política. Espero que a próxima semana me dê razão", rematou.

"É uma decisão dos partidos. O Presidente não se pode substituir aos partidos. O Presidente agora o que tinha a fazer, fez: preveniu em público, preveniu em privado. Agora espera. E depois agirá, de uma forma ou de outra: tendo condições, continuando tudo bem, promulgando [o Orçamento do Estado]; não tendo condições, avançando para eleições antecipadas", acrescentou.

Interrogado se ficou mais pessimista após as audiências aos nove partidos com assento parlamentar, na sexta-feira, o Presidente da República respondeu: "Não, não, não. Foram muito claras, foram muito esclarecedoras. E fiquei exatamente com a ideia que tinha. Mas foi bom ouvir da parte dos partidos".

"Como foi bom que ouvissem da minha parte, para não terem dúvidas, que a alternativa a uma passagem do Orçamento é obviamente umas eleições antecipadas", completou.

Questionado sobre a circunstância de o PSD estar numa situação de indefinição interna quando se coloca a possibilidade de eleições antecipadas, o chefe de Estado apenas realçou que os sociais-democratas já anunciaram o voto contra a proposta de Orçamento, como no ano passado.

Marcelo Rebelo de Sousa, que falava à margem dos "Encontros de Cascais", uma iniciativa do Expresso, enquadrou o atual momento como o "começo da viragem" na sequência da crise provocada pela pandemia de covid-19 e observou: "Se no começo do começo da viragem temos problemas que afetam a viragem, não é uma boa notícia".

Na quarta-feira, depois de tanto PCP como BE terem acenado com o voto contra a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022 já na generalidade, o Presidente da República considerou que "as pessoas devem pensar duas vezes nas consequências dos passos que dão".

Um chumbo do Orçamento "muito provavelmente" conduziria à dissolução do parlamento e a eleições legislativas antecipadas, com "seis meses de paragem na vida nacional", avisou, argumentando que "dificilmente o Governo poderia continuar a governar com o Orçamento deste ano dividido por 12, sem fundos europeus".

Na quinta-feira, o chefe de Estado retomou esse argumento, referindo que "este Orçamento calha no fim da pandemia, calha no começo da recuperação" e "envolve fundos europeus, que não são só o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), há muito mais fundo europeu que não o PRR que tem de estar incluído para o ano que vem".

Numa governação por duodécimos "essas fatias mensais somadas não dão os fundos do PRR que corresponde ao próximo ano, dão menos", apontou.

À pergunta sobre o caráter real ou artificial desta crise, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que "haverá crise se os partidos entenderem que há razões para provocar essa crise, porque entendem que é melhor chumbar o Orçamento", concluindo: "A faca e o queijo estão nas mãos dos partidos políticos, são eles que vão votar o Orçamento".

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