“A verdade é que ficámos muito mais pobres”, comentou o diretor do Instituto de Estudos Fiscais, Paul Johnson, num seminário realizado hoje.

As políticas anunciadas, acrescentou, colocam o país “numa viagem longa, dura e desagradável”, acrescentou, com “endividamento elevado, dívida (pública) elevada, impostos elevados e, no entanto, os serviços públicos sob pressão”.

Na quinta-feira, o ministro das Finanças, Jeremy Hunt, apresentou uma série de medidas para obter uma consolidação orçamental no valor de 55.000 milhões de libras (63.000 milhões de euros).

De acordo com a análise do Gabinete de Responsabilidade Orçamental (Office for Budget Responsibility, OBR), um organismo independente, a carga fiscal vai subir para 37,1%, o nível mais alto desde a Segunda Guerra Mundial.

O orçamento extraordinário inclui 25.000 milhões de libras (29.000 milhões de euros) em aumentos de impostos para os rendimentos médios e superiores, empresas e em contribuições autárquicas.

A conjugação de inflação elevada, prevista pelo OBR para 9,1% em 2022, e a estagnação dos salários significa um declínio de 7% no nível de vida no Reino Unido nos próximos dois anos.

Numa análise do centro de estudos Resolution Foundation, o congelamento dos escalões fiscais mais baixos impõe indiretamente uma carga tributária tão alta à daqueles com rendimentos mais elevados.

“Alguém que recebe 62.000 libras [por ano] (71.000 euros) perde tanto como alguém que recebe 124.000 libras (143.000 euros) em termos de dinheiro (1.600 libras ou 1.840 euros) mas o dobro como proporção do rendimento (2,6% contra 1,3%)”, calculou.

Numa entrevista hoje à BBC, Hunt recusou estar a “assaltar” a classe trabalhadora, como acusou o Partido Trabalhista, da oposição, e argumentou que “não é possível angariar” tanto dinheiro apenas com impostos sobre os mais ricos.

As medidas anunciadas, vincou, são necessárias para ultrapassar a crise e estabilizar a economia, alegando que “finanças sólidas são mais importantes do que impostos baixos”.

Alguns deputados conservadores queixaram-se de que Hunt rompeu com o compromisso do partido de manter impostos baixos, enquanto a imprensa foi sombria na cobertura.

“Carnificina” foi o veredicto na primeira página do tabloide Daily Mirror, quanto o Metro exclamou “Nunca estivemos tão mal”.

O Daily Mail, que geralmente apoia o Partido Conservador, titulou: “Tories espremem os labutadores”.

O ativista dos direitos dos consumidores Martin Lewis avisou que o pior ainda está para vir para muitas pessoas, com a redução no apoio para as contas da energia na primavera, quando os preços e a inflação vão continuar altos.

“A minha preocupação é o que vamos fazer para as pessoas ultrapassarem esse solavanco”, disse na rádio LBC.

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