No novo ciclo de encontros “Fora da Caixa”, que desta vez abordou o tema “Economia e Cultura” e reuniu na Oliva Creative Factory cerca de 350 profissionais da banca e clientes, Paulo Macedo começou por responder a perguntas de empresários da região, sendo que alguns questionaram se o aumento de comissões e fecho de balcões representavam ameaças ou oportunidades para a banca digital.

Referindo que a tendência é para ajustar os serviços a um público que cada vez gosta menos de ir ao banco, Paulo Macedo respondeu: “Não podemos dizer a toda a gente que o mundo está cada vez mais digital e depois manter as mesmas estruturas [da era anterior ao advento da internet]. As pessoas querem ser servidas de muitas outras maneiras, sete dias por semana, por telefone, ‘mail’ ou qualquer outra forma mais cómoda”.

Nessa perspetiva, Paulo Macedo defendeu: “Nenhuma grande empresa vai sobreviver sem ter uma estratégia de comunicação ativa e essa, aliás, não pode ser só reativa, como aconteceu na Volkswagen e na BP, onde [escândalos de ordem ambiental] exigiram grandes estratégias reativas”.

Paulo Macedo, que foi ministro da Saúde, disse que, numa época “em que está muito na moda a agilidade das empresas” e em que a inovação depende “do hiper-conhecimento para detetar e monitorizar mudanças no ambiente empresarial”, os líderes dessas instituições “não têm de ser tribunos nem parlamentares ou demagógicos, mas têm de saber falar” para gerar confiança no público.

“As pessoas estão mais sequiosas de partilha, exigem ter mais conhecimento e não é só quando vão ao médico que já viram tudo antes na internet. Quando fazem um crédito à habitação ou uma compra de elevado valor, também exigem informação e querem saber a postura da empresa em termos de responsabilidade social”, explicou.

O presidente executivo do banco público admitiu que a vontade de comunicar e o risco de uma maior exposição à opinião pública serão testados nos momentos menos positivos, mas considera que a capacidade de gerir crises também permitirá revelar a cultura empresarial das instituições envolvidas e os valores por elas seguidos que, “regra geral, têm mais importância do que os valores tangíveis”.

“A própria CGD, devido às comissões de inquérito [em que está envolvida], tem de fazer ver às pessoas que há boas notícias e que a realidade atual é totalmente distinta de há 5, 7, 10 e 15 anos, como verdadeiramente é, porque a regulação mudou, a supervisão mudou, a exigência dos conselhos [administrativos] também e a ‘governance’ igualmente”, declarou.

Para Paulo Macedo, a “solidez” de um banco ou de uma empresa também se avalia, afinal, pela sua capacidade de comunicar e reagir.

“Podíamos estar a discutir a comissão de inquérito, a chorar mágoas sobre o passado, mas o que fizemos aqui hoje com os nossos clientes, fora do banco, foi expor-nos a perguntas e explicar o que a CGD anda a fazer”, concluiu.

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