"É uma questão que colocamos, pensar que não fazer nada, ficarmos quietos, para ficarmos nas boas graças dos agiotas, é evidente que isso só complica o futuro do país. Por isso, a nossa proposta continua a ter uma grande validade e uma grande atualidade", defendeu o dirigente, em declarações aos jornalistas.

Falando à margem de um convívio de mulheres comunistas da cidades do Porto, que hoje se realizou em Resende, no norte do distrito de Viseu, o líder comunista reconheceu que o país tem uma das maiores dívidas do mundo, mas assinalou que, apesar de devedor, "o país também tem direitos".

"É uma questão que nós sempre tratamos como uma medida estratégica. Quer se queira quer não, nós muitas vezes vemos o Governo, o PSD e o CDS assustados com a ideia da renegociação da dívida. Sim, está bem, somos devedores, mas também temos direitos, mesmo como devedores", disse, acrescentando: "No quadro da necessidade que temos, de pão para a boca, de investimento público, de relançar a nossa produção nacional, é ou não legítima, necessária e urgente essa renegociação dos prazos e dos montantes e dos juros", questionou Jerónimo de Sousa.

Antes, o secretário-geral do PCP tinha discursado para algumas centenas de militantes e simpatizantes da CDU, entre os quais a cabeça-de-lista da CDU à Câmara do Porto, Ilda Figueiredo.

Jerónimo de Sousa recordou os avanços conseguidos com o atual Governo, também graças às propostas do PCP, mas reafirmou a necessidade de o país renegociar a sua dívida para se poder ir mais longe.

"Temos de nos libertar deste drama que é a dívida. Nós temos das maiores dívidas do mundo e pagamos de serviço da dívida oito mil milhões de euros por ano, apenas os juros", disse, recordando que aquele valor "daria para pagar num ano inteiro o Serviço Nacional de Saúde".

Para o secretário-geral comunista, os "constrangimentos" provocados pela dívida, dos quais, disse, "o PS ainda não se conseguiu libertar", levam o país "a um bloqueamento do investimento público".