O Instituto Nacional de Estatística (INE) estima, para este ano, um crescimento de 20% na produção de azeitona em Portugal.
“Infelizmente Portugal não tem qualquer capacidade para impactar o preço do azeite a nível internacional. Como somos uma economia aberta, estamos obviamente alinhados com os preços que se praticam no mercado internacional. Quando falamos de azeite, Espanha é o mercado que mais influencia os preços internacionais, tendo em conta que é o maior país produtor do mundo”, apontou à Lusa a secretária-geral da Casa do Azeite, Mariana Matos.
Espanha terá, pelo segundo ano consecutivo, uma produção abaixo da sua média, mas ainda assim superior à verificada no ano passado.
Assim e tendo em conta que grande parte dos ‘stocks’ já foram consumidos, “não parece haver condições para grandes alterações de preços, pelo menos de forma significativa”, sublinhou.
O preço médio do azeite virgem no consumo era de 4,20 euros em 07 de novembro de 2022, passando para 7,55 euros em 09 de outubro de 2023, de acordo com os dados do Observatório de Preços.
Já o preço médio do azeite virgem extra passou, no período em análise, de 5,12 euros para 8,66 euros.
Questionada sobre se os atuais preços já permitem fazer face aos custos de produção, Mariana Matos referiu que estes dependem muito do sistema utilizado.
Nos olivais tradicionais, de sequeiro, os custos “são muito mais elevados”, uma vez que este sistema precisa de muita mão-de-obra e apresenta uma produtividade mais baixa.
“[…] Penso que com o nível de preços de azeite na origem que se verifica atualmente, mesmo os produtores com sistemas de produção mais tradicionais poderão fazer face aos seus custos de produção, apesar destes também terem aumentado bastante”, referiu.
As vendas de azeite embalado em Portugal recuaram 1%, entre janeiro e outubro, segundo dados da Casa do Azeite.
Por sua vez, nos primeiros nove meses do ano, as exportações apresentaram uma quebra de 28% em volume, relativamente ao mesmo período de 2022 (dados do Instituto Nacional de Estatística - INE).
Preço do azeite trava exportações mas consumo interno fica estável
As vendas de azeite embalado em Portugal recuaram 1%, entre janeiro e outubro, face ao ano anterior, mas a subida dos preços fez as exportações quebrarem 28% até setembro, indicou a Casa do Azeite, em resposta à Lusa.
“Em relação aos dados das empresas nossas associadas, a variação homóloga (vendas entre janeiro e outubro de 2023) é apenas residual, com uma quebra de cerca de 1% no mercado interno”, referiu a secretária-geral da Casa do Azeite, Mariana Matos.
As vendas das empresas associadas da Casa do Azeite representam cerca de 80% das vendas totais de azeite embalado.
A secretária-geral da Casa do Azeite afirmou que o mercado interno tem apresentado um comportamento inesperado, tendo em conta que se perspetivavam quebras de consumo superiores.
“Uma explicação poderá ser o facto de os consumidores pensarem que o azeite ainda pode vir a subir mais e fazerem um certo ‘stock’ do produto. Outra explicação poderá estar relacionada com a maior fiscalização da ASAE [Autoridade de Segurança Alimentar e Económica] sobre os circuitos de comercialização mais informais (feiras, mercados e internet) e com as notícias alertando para fraudes frequentes e, portanto, os consumidores afastam-se desses mercados e passam a comprar mais na distribuição”, apontou.
A Casa do Azeite mostrou-se satisfeita com o aumento da fiscalização, o que classificou como “muito benéfico” para o setor e para os consumidores, “que deixam de comprar gato por lebre”.
Por sua vez, nos primeiros nove meses do ano, as exportações apresentaram uma quebra de 28% em volume, relativamente ao mesmo período de 2022, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Para a Casa do Azeite, esta descida pode ainda vir a acentuar-se “à medida que os aumentos de preço se forem repercutindo ao longo da cadeia de valor”.
Mariana Matos sublinhou que em causa estão mercados com menos tradição de consumo e, por isso, “muito mais sensíveis” aos aumentos de preço.
Quando o preço sobe muito, os consumidores mais recentes acabam também por voltar a utilizar outro tipo de gorduras.
“Isso deve preocupar-nos bastante, pois quando as produções estabilizarem e os preços regressarem para valores normais, haverá todo um intenso trabalho a realizar para voltar a conquistar esse mercado perdido. Tipicamente, as quebras de consumo são bastante mais rápidas que a sua recuperação, por isso podemos enfrentar no futuro uma situação bastante desafiante, com produções normais, mas com um consumo muito abaixo do normal”, notou.
Os principais mercados de destino das exportações nacionais continuam a ser Espanha e Itália (a granel) e o Brasil (azeite embalado).
Com atividade desde 1976, a Casa do Azeite é uma associação patronal de direito privado, que representa a quase totalidade das associações de azeite de marca embalado em Portugal.
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