Segundo as conclusões do 'Estudo da Central de Balanços | 29 – Rendibilidade das empresas portuguesas e europeias 2006-2015', com informação do Banco de Portugal (BdP) sobre as empresas não financeiras portuguesas e de outros sete países europeus – Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Itália e Polónia - em 2015 a rendibilidade dos capitais próprios das empresas portuguesas era de 7%, quando na Europa se situava entre os 4,9% das empresas italianas e os 10,1% das austríacas.

De acordo com o BdP, se entre 2006 e 2015 – período em que a rendibilidade dos capitais próprios diminuiu em todos os países - as empresas portuguesas “apresentaram frequentemente a menor rendibilidade dos oito países considerados”, de 2012 em diante este indicador foi subindo e Portugal foi “melhorando a sua posição relativamente aos outros países em análise”.

Na base desta evolução está a subida da rendibilidade das vendas das empresas portuguesas, que tem aumentado desde 2012 fruto de melhorias das margens e da eficiência.

É que, se a rendibilidade das vendas (indicador que traduz a margem de lucro das empresas em percentagem do volume de negócios) diminuiu entre 2006-2015 na maior parte dos países, contribuindo negativamente para a evolução da rendibilidade dos capitais próprios, “Portugal foi a única exceção a esta redução, com a rendibilidade das vendas a registar um aumento de 0,5 pontos percentuais entre 2006 e 2015”, para os 3,4% (numa escala liderada pelos 4,6% das empresas austríacas e em que a Itália, com 1,8%, ocupava o último lugar).

O BdP diz ter estado ainda na base da evolução da rendibilidade dos capitais próprios das empresas europeias analisadas a “redução generalizada da rotação do ativo” verificada, “que se traduziu numa menor eficiência na obtenção de rendimentos”.

“A redução deste rácio foi mais significativa no período 2006-2009, em resultado do contributo da crise internacional para a redução do volume de negócios das empresas”, explica, sendo que “a rotação do ativo das empresas portuguesas foi, por norma, a mais baixa dos oito países ao longo do período em análise”.

Em 2015, este indicador situava-se em Portugal nos 65%, 14 pontos percentuais abaixo de 2006, e, “apesar da evolução negativa da rotação do ativo das empresas portuguesas, este rácio aumentou ligeiramente entre 2012 e 2015, beneficiando a rendibilidade dos capitais próprios”.

Ainda assim, “as empresas portuguesas, quando comparadas com empresas do mesmo sector de atividade e com a mesma dimensão residentes nestes países, apresentaram, de facto, menores níveis de eficiência”, sustenta o BdP.

No que diz respeito à alavancagem das empresas nos vários países analisados, verifica-se que, em 2015, as empresas portuguesas “eram as mais alavancadas”.

Nesse ano, o ativo das empresas portuguesas era 3,2 vezes superior ao valor dos capitais próprios, uma proporção maior do que nos restantes países que evidencia “um elevado peso dos capitais alheios na estrutura de financiamento das empresas portuguesas”.

A este nível, França e Itália apresentavam uma alavancagem financeira ligeiramente inferior (3,1), enquanto as empresas polacas eram as menos alavancadas (2,0).

De acordo com o BdP, esta maior alavancagem das empresas portuguesas resultava do facto de estas recorrerem “mais a capitais alheios do que as empresas dos restantes países com atividade e dimensão semelhantes”, sendo que, se entre 2006 e 2015 houve uma desalavancagem das empresas na generalidade dos países, em Portugal o rácio entre o ativo e os capitais próprios das empresas diminuiu apenas de 3,3 para 3,2.

“Considerando o contributo positivo da alavancagem financeira sobre a rendibilidade dos capitais próprios, esta evolução foi mais favorável para a rendibilidade das empresas em Portugal do que na generalidade dos países”, refere o banco central.

Embora notando que “as empresas portuguesas iniciaram o processo de desalavancagem mais tarde do que as suas congéneres europeias”, o BdP destaca que, entre 2012 e 2015, a redução da alavancagem financeira das empresas portuguesas “foi a mais significativa do conjunto de países em análise”.