Em conferência de imprensa após o presidente da Associação Mutualista Montepio Geral, Tomás Correia, ter anunciado a entrada de 50 instituições do setor social no capital da Caixa Económica Montepio Geral, com destaque para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Edmundo Martinho justificou a razão de esta se tornar acionista por um valor muito mais baixo do que tinha sido falado pela “alteração das circunstâncias” depois da “discussão pública” que este tema provoca.
“A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, como entidade responsável que é, não pode ignorar que esta situação gerou uma discussão grande na sociedade portuguesa”, afirmou.
Edmundo Martinho disse ainda que é “importante respeitar que o parlamento adotou como recomendação ao Governo”.
A entrada da SCML no banco Montepio é um tema que já provocou muita polémica, sobretudo perante as informações do início do ano de que a SCML poderia entrar com 200 milhões de euros em troca de uma participação de 10% na CEMG.
O provedor da SCML disse sempre que esse era um valor máximo, que o investimento não estava definido, e em abril falou na possibilidade de ficar com 1% do capital do banco Montepio em troca no máximo de 18 milhões de euros.
Contudo, soube-se esta semana que o montante investido é de 75 mil euros.
“Podíamos assumir uma participação financeira mais pesada, sim, e não precisávamos de nenhuma autorização [do Governo], mas a SCML é entidade responsável e sempre dissemos que estávamos neste processo forma ponderada”, acrescentou.
Na sequência da polémica sobre o investimento da SCML no Montepio, em 20 de abril, o parlamento aprovou as recomendações do PSD e CDS-PP para que o Governo impeça a entrada da SCML no capital do Montepio e uma do BE que pede a regulação dos investimentos daquela instituição.
Edmundo Martinho considerou hoje que, no seguimento dessa recomendação aprovada por unanimidade, deve ser definido o quadro dos investimentos da SCML, o perfil dos seus ativos, ou seja, “onde pode e deve investir a sua capacidade financeira”.
O provedor da SCML desvalorizou hoje o baixo investimento da SCML no banco Montepio, dizendo que nunca esteve em causa um ganho financeiro imediato, mas um projeto social.
“A grande motivação é a convicção que temos, que não é de hoje, de que o setor social e a SCML têm tudo a ganhar com a existência de uma instituição financeira forte, de apoio a projetos inovadores, ancorada na economia. Isso faz falta ao país, faz falta ao setor social uma instituição financeira com essa capacidade de intervenção”, disse.
Já questionado sobre se a SCML poderá vir a subscrever a emissão de dívida subordinada de 250 milhões de euros que o Montepio tem previsto fazer este ano, Edmundo Martinho disse que enquanto acionista do banco a Santa Casa tomará em cada momento as decisões que considere adequadas.
“Não deixaremos de fazer uma avaliação em cada momento daquilo que represente o interesse para a instituição financeira e a salvaguarda dos interesses da SCML, que isso é preocupação que temos em permanência”, afirmou.
Na quinta-feira, o Conselho Geral da Associação Mutualista Montepio Geral aprovou a alienação de até 2% do capital da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG).
Contudo, tendo em conta os valores reduzidos que são conhecidos com que as instituições da economia social entrarão para já no capital do banco, a participação a alienar ficará muito abaixo do limite dos 2%.
No caso dos 75 mil euros investidos pela SCML, tendo em conta que o capital social da CEMG são cerca de 2.400 milhões de euros e cada ação é vendida ao valor nominal de um euro, a participação com que esta ficará é de 0,003125%, segundo contas feitas pela Lusa.
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