“A Comissão Executiva da TAP tem absoluta convicção de que o programa de mérito foi fundamental para promover as medidas de redução de custos e de aumento de receitas implementadas em 2018, bem como levar a cabo a reestruturação da TAP ME Brasil, o que permitiu diminuir substancialmente os prejuízos causados pelo aumento do preço do petróleo e dos custos não recorrentes, como já foi amplamente comunicado e divulgado por ocasião da divulgação dos resultados”, refere a administração numa carta a que a agência Lusa teve hoje acesso.

Segundo explica, a TAP implementou em 2017 “um programa de mérito assente na avaliação objetiva dos resultados da empresa, das áreas e individuais”, programa esse “alinhado com as melhores práticas globais da promoção e reconhecimento da meritocracia” e cujo objetivo é “promover uma cultura de entrega de resultados, sejam estes resultados operacionais, económicos ou financeiros”.

“Os prémios de performance pagos em 2019 dizem respeito ao alcance dos objetivos definidos em 2018 para as áreas e individuais”, sustenta a Comissão Executiva, garantindo que “a promoção de uma cultura de mérito, alto desempenho e entrega de resultados continuará a ser uma prioridade” enquanto “ferramenta de transformação e mobilização de uma empresa mais ágil e mais preparada para responder aos desafios da indústria, em benefício de todos”.

A agência Lusa noticiou na terça-feira que a TAP pagou prémios de 1,171 milhões de euros a 180 pessoas, incluindo dois de 110 mil euros atribuídos a dois quadros superiores, apesar de no ano passado ter registado um prejuízo de 118 milhões de euros.

Estes prémios foram pagos com o salário de maio dos colaboradores e oscilam entre os 110 mil e pouco mais de mil euros.

Segundo noticiam vários órgãos de comunicação, a atribuição destes prémios levou os seis membros da administração da TAP nomeados pelo Estado a convocar para hoje uma reunião extraordinária para analisar a decisão da Comissão Executiva da companhia aérea que, segundo disse ao Jornal de Negócios uma fonte ligada ao processo, os deixou “bastante incomodados”.

Ouvido na terça-feira pela Lusa, o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), Paulo Duarte, confirmou esta situação, referindo que estranhava “muito a TAP ter tomado essa iniciativa que nunca foi prática habitual e que vai lançar a desigualdade entre trabalhadores pela falta de equidade”, visto que apenas alguns foram escolhidos.

“Não entendemos isto tendo em conta que num ano em que tivemos lucros [2017] os prémios foram distribuídos por todos”, num valor igual, detalhou o dirigente sindical, acrescentando que esta estratégia criou “mal-estar” na empresa e deixou ainda em aberto uma reação do sindicato, que não quis detalhar.

A seguir aos prémios mais elevados, os de 110 mil euros, está um valor de mais de 88 mil euros pago a um dos quadros, um de mais de 49 mil euros e outro de 42 mil. Os restantes valores são todos iguais ou inferiores a 30 mil euros.

No ano passado, o grupo TAP registou m prejuízo de 118 milhões de euros, valor que compara com um lucro de 21,2 milhões de euros registado no ano anterior, segundo anunciou a empresa em março.