Em declarações aos jornalistas no final da reunião com o Governo, o líder parlamentar do PSD, Adão Silva, falou num “dissenso” entre o primeiro-ministro e o ministro das Infraestruturas sobre a possibilidade de fazer votar este plano, hoje totalmente afastada por António Costa.
Questionado se o ministro Pedro Nuno Santos tinha assumido essa vontade na reunião de hoje, o deputado do PSD respondeu afirmativamente.
“Sim, sim, o senhor ministro disse-nos até que não estava muito confortado, ou confortável, não estava muito satisfeito com a decisão do primeiro-ministro, isso é verdade”, afirmou, acrescentando que Pedro Nuno Santos reiterou na reunião com os sociais-democratas entender que “esse era o melhor caminho”.
Para o líder parlamentar do PSD, essa intenção terá sito ‘travada’ por uma publicação do presidente social-democrata, Rui Rio, na quarta-feira, segundo a qual fazer votar o plano de reestruturação da TAP no parlamento seria “uma fuga do Governo às suas responsabilidades” e recorreu mesmo a uma metáfora literária.
“Camilo Castelo Branco tem uma novela que se chama ‘Gracejos que matam’, eu acho que o ‘tweet’ do dr. Rui Rio é um ‘tweet’ que matou, matou aquela estratégia estranha”, ironizou.
No domingo, no seu espaço de comentário na SIC, Marques Mendes disse que o Governo vai levar a debate no parlamento o plano de reestruturação da TAP.
Na segunda-feira, fonte da direção do PSD disse que o grupo parlamentar social-democrata foi informado pelo Governo da intenção do Executivo de levar o plano de reestruturação da TAP a debate na Assembleia da República.
Questionada pela Lusa, fonte da direção do PSD adiantou que a intenção do executivo de levar o plano de reestruturação da TAP a debate no parlamento foi transmitida pelo Governo não ao presidente do partido, Rui Rio, mas sim "ao grupo parlamentar, através de um deputado" da bancada laranja.
Na quarta-feira, a líder parlamentar do PS, Ana Catarina Mendes, considerou não haver necessidade dessa votação parlamentar e disse que o plano era uma competência do Governo.
Já hoje, em Bruxelas, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que o plano de reestruturação da TAP não será votado na Assembleia da República, frisando que “não faz parte do sistema constitucional português” que o parlamento “substitua o Governo nas funções de governação”.
Em declarações aos jornalistas à entrada para o Conselho Europeu, em Bruxelas, António Costa referiu que quem anunciou que o plano de reestruturação - Marques Mendes - iria ser submetido ao parlamento estava errado: “Creio que quem anunciou, ou teve uma má fonte, ou se precipitou naquilo que era a perspetiva da atuação do Governo”, frisou António Costa.
“Quem governa em Portugal é o Governo, e isso significa governar nas áreas boas e nas áreas más, significa governar quando se tomam medidas populares e governar quando se tomam medidas impopulares. Faz parte da ação governativa e não vale a pena o Governo ter a ilusão que pode transferir para outro órgão de soberania aquilo que só a ele lhe compete fazer. Seria, aliás, um erro que assim fosse”, frisou.
O Governo está a discutir o plano de reestruturação da TAP com os partidos com assento parlamentar, em reuniões fechadas no parlamento distribuídas entre quarta e hoje, depois de ter estado reunido na noite de terça-feira em conselho de ministros extraordinário.
(Artigo atualizado às 18:12)
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