O reequilíbrio de forças no capital da TAP chegou em fevereiro com um entendimento que dá ao Estado voto de qualidade no Conselho de Administração, mas é o consórcio Atlantic Gateway, dos empresários David Neeleman e Humberto Pedrosa, que toma as decisões operacionais.
O consórcio privado – ao qual o anterior governo PSD/CDS havia anunciado a venda, no final de 2015, de 61% do capital – ficou agora com 45% do capital do grupo que tem como principal ativo a transportadora aérea, mas pode chegar aos 50%, em função da adesão dos trabalhadores da TAP à operação de venda de 5% que lhes está destinada.
O empresário Humberto Pedrosa, dono da Barraqueiro, começou por dizer que o projeto do consórcio e o do Governo não casavam, mas, ao fim de três meses de negociações, mediadas pelo advogado Diogo Lacerda Machado, formalizava-se o "casamento".
"Inicialmente disse que o nosso projeto e o do Governo não casavam, mas a boa vontade de ambas as partes e o diálogo permitiram que terminasse em casamento, como não podia deixar de ser entre pessoas de boa-fé", afirmou então o comendador.
António Costa não faltou à cerimónia de reversão do negócio que tinha sido concretizado pelo governo de Passos Coelho (PSD/CDS) em final de mandato, depois de uma primeira tentativa falhada, atribuída à falta de garantias do empresário German Efromovich, dono da Avianca.
Apesar de as negociações entre o Governo e os privados terem chegado a bom porto logo no início de fevereiro, a operação só deverá ficar concluída em 2017, na sequência de sucessivos atrasos motivados pela renegociação da dívida com a banca, condição para a concretização da reversão do capital.
O Governo tem vindo a desvalorizar este atraso, que justifica com mudanças nos Conselhos de Administração dos principais bancos envolvidos no financiamento, a Caixa Geral de Depósitos e o Novo Banco.
Depois disso, fica ainda a faltar a aprovação pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), o supervisor do setor, que tem a última palavra.
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