Através da iniciativa europeia Global Gateway (Portal Global), a União Europeia (UE) pretende investir 10 mil milhões de euros no continente e no Caribe, dos quais dois mil milhões de euros serão alocados em investimento de hidrogénio verde no Brasil, com foco na "eficiência energética".

O anuncio foi feito em Brasília, numa declaração à imprensa, no Palácio do Planalto, em que participaram Ursula von der Leyen e o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.

O Brasil é uma "superpotência na energia renovável", descreveu a presidente da Comissão Europeia, que aproveitou para elogiar os esforços do país em querer desflorestação zero até 2030.

Ursula von der Leyen anunciou ainda "20 milhões de euros para o Fundo Amazónia", também através do Global Gateway e encorajou ainda os países da UE a alocarem mais dinheiro neste fundo, que tem cerca de 1.000 milhões de dólares de contribuição da Noruega e Alemanha e mais 500 milhões de dólares anunciados em abril pelo congresso norte-americano.

Lula da Silva, em sintonia com a responsável europeia, frisou que "o caminho deve ser a formação de parcerias para o desenvolvimento sustentável".

"O planeta não suporta mais as pressões de uma globalização predatória do ponto de vista ambiental, social e económico", disse o chefe de Estado, relembrando que essa preocupação levou o Governo brasileiro a sediar em Belém, em agosto, a Cimeira dos Países Amazónicos.

"Unir capacidades em matéria de pesquisa, conhecimento e inovação é igualmente decisivo como resposta ao desafio de gerar empregos e distribuir renda. Queremos estabelecer uma efetiva parceria digital com a União Europeia, na área de tecnologias da informação, regulação do espaço digital, 5G e semicondutores", afirmou.

Por outro lado, em relação à guerra na Ucrânia, as posições dos dois líderes não se alteraram, com Lula da Silva a reiterar que o Brasil condena a invasão territorial, mas que "não há solução militar para esse conflito".

"Precisamos de mais diplomacia e menos intervenções armadas na Ucrânia, na Palestina, no Iémen. Os horrores da guerra e o sofrimento que ela provoca não podem ser tratados de forma seletiva", frisou.

Nesta matéria, Ursula von der Leyen afirmou que o "Brasil terá um papel importante a desempenhar como presidente do próximo G20" e recordou que esta guerra afeta todos, não apenas a Ucrânia.

"O Brasil sentiu com a dificuldade em obter fertilizantes", sentiu dificuldades com a inflação e com o aumento dos preços da matéria-prima, referiu, avançando que espera receber o Presidente brasileiro em Bruxelas.

Van der Leyen está hoje no Brasil, na sua primeira paragem de uma viagem de quatro dias em que também se reunirá com os presidentes da Argentina, Chile e México.

(notícia corrigida às 22h51)