Segundo o presidente da autarquia, Raul Castro, o preço base do concurso, aprovado na segunda-feira em reunião do executivo municipal, é de 1,2 milhões de euros, acrescidos de IVA, depois de corrigido o valor inicial de 884.508,87 euros + IVA.
A empreitada prevê "o revestimento dos pilares dos contrafortes e dos torreões das Capelas Imperfeitas em zinco, bem como a execução de extensões em meia cana, também em zinco, para drenagem das águas através das gárgulas existentes, e inclui ainda a colocação de redes anti-aves nos postigos e novas portas nos torreões", adiantou Raul Castro.
O objetivo é a preservação das superfícies pétreas exteriores das Capelas Imperfeitas, de forma a evitar a infiltração de águas e a entrada de aves, justificou.
Os trabalhos contemplam, também, "a conservação e restauro de arcobotantes, torreões, pilares, janelões, varanda, terraços, balaustradas", sendo que na fachada posterior está prevista "a dotação da zona das Capelas Imperfeitas de iluminação com elevado desempenho e consumos energéticos reduzidos".
A instalação no espaço de sistemas de segurança, que garantam a proteção das pessoas, e de cablagem para 'wi-fi', integram, igualmente, o concurso, que tem um prazo de execução de 300 dias, referiu o autarca.
O concurso decorre de um contrato interadministrativo de cooperação entre o município e a Direção-Geral do Património Cultural, assinado em novembro de 2021, para a execução das intervenções no Mosteiro da Batalha financiadas pelo PRR.
À Lusa, o diretor do Mosteiro da Batalha, Joaquim Ruivo, explicou que os trabalhos de limpeza e conservação das fachadas interiores e exteriores das Capelas Imperfeitas "são prioritários e fundamentais".
"Além da limpeza e tratamento da pedra e dos elementos pétreos que apresentam patologias mais agressivas, é necessário impedir as infiltrações que ao longo dos anos vão sendo cada vez mais visíveis e preocupantes", reconheceu Joaquim Ruivo.
Para o diretor do monumento, "a colocação de proteções de zinco no cimo dos torreões nunca acabados, bem como a colocação de novas juntas em todo o lajedo de cobertura que se encontra mais degradado ou com falta de preenchimento, serão intervenções fundamentais".
O Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha (distrito de Leiria), resultou do cumprimento de uma promessa feita pelo rei D. João I, em agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, travada em 14 de agosto de 1385, que lhe assegurou o trono e garantiu a independência de Portugal.
O monumento é Património Mundial da Unesco -- Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
De acordo com Joaquim Ruivo, "as Capelas Imperfeitas, assim chamadas por nunca terem sido acabadas, foram uma obra da iniciativa de D. Duarte, encomendada a Mestre Huguet, para aí construir um novo panteão".
"Ter-se-ão iniciado por volta de 1434, quando decorria ainda o primeiro ano do seu reinado", afirmou.
Já no reinado de D. Manuel, "com vista à conclusão do panteão, foi alterado o projeto inicial, conferindo-se-lhe maior monumentalidade". As sete capelas funerárias também foram concluídas na época de D. Manuel.
No reinado de D. João III foi ainda levantada, sobre o portal, a varanda renascentista, datada de 1533, mas após esta data os trabalhos foram abandonados, explicou Joaquim Ruivo.
"E só nos anos quarenta do século XX foi, por fim, aqui depositado na capela axial, o túmulo duplo do rei D. Duarte e da rainha D. Leonor, tal como previsto na sua origem, bem como outros túmulos que se encontravam nas capelas laterais da Igreja do Mosteiro", acrescentou o diretor.
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