"Acho uma excelente solução, porque é uma solução que desbloqueia um problema institucional grave, que tem que ver com a eleição do presidente da Assembleia da República, a segunda figura do Estado português", afirmou.

O deputado falava aos jornalistas na Assembleia da República depois da reunião da bancada parlamentar do PS.

"Houve um entendimento sério entre o PS e o PSD e, na base desse entendimento, o que ficou claro foi o seguinte; o PSD apresentará hoje um candidato que será o doutor Aguiar-Branco, à presidência da Assembleia da República, e nós votaremos essa candidatura, e daqui a dois anos, o PS apresentará o seu candidato", assinalou.

Questionado se será o nome indicado pelo PS para assumir o cargo nessa altura, Francisco Assis recusou confirmar.

"Não consigo antecipar o que é que vai acontecer nos próximos dois anos, nem no PS, nem na minha vida e, portanto, nem eu próprio me vou autoacorrentar à ideia de vir a ser o próximo candidato. O que é certo é que vai ser alguém do PS, uma deputada ou um deputado do PS, [que] daqui a dois anos será presidente da Assembleia da República", afirmou.

"Este acordo não foi um acordo para que hoje fosse eleito o doutor Aguiar-Branco e daqui a dois anos o eleito seja eu. Não foi um acordo assente na ideia de uma pessoa", afirmou o deputado do PS, apesar de admitir que, "sendo deputado daqui a dois anos, naturalmente" que o seu "nome será equacionado, tal como foi agora".

O PS propôs ao PSD que a presidência da Assembleia da República seja repartida, proposta que os sociais-democratas aceitaram, revelou hoje o líder parlamentar socialista.

Nas duas primeiras sessões legislativas, até setembro de 2026, a liderança da Assembleia da República caberá ao nome proposto pelo PSD, que será Aguiar-Branco. O PS presidirá ao parlamento no resto da legislatura.

O deputado defendeu o diálogo entre forças políticas e recusou que os "partidos democráticos" fiquem "reféns da agenda antidemocrática do Chega".

"Esta é uma matéria em que se exigia um consenso por uma razão muito simples; para se eleger um presidente da Assembleia da República é preciso uma maioria de 116 deputados. Se não nos entendemos íamos andar aqui dias, semanas, meses a discutir isto e, isso sim, seria fazer o jogo do Chega", assinalou.

E defendeu que "os partidos democráticos têm, em cenários de crise institucional, a obrigação absoluta de promover entendimentos".

De acordo com Francisco Assis, este acordo "não tem implicações para além dele próprio", nomeadamente quanto a uma eventual viabilização do Orçamento do Estado.

O deputado socialista salientou que "o PS não deixou de ser o partido de oposição e o principal partido de oposição neste país" e defendeu que não se pode "ter medo da ideia de que o Chega vai liderar a oposição alguma vez a Portugal", recusando esse cenário.

"O Chega não representa uma oposição ao Governo, o Chega vai-se colocar numa perspetiva de oposição ao regime, de oposição ao regime democrático", defendeu, prometendo um "sistemático combate a um partido que desqualifica a vida democrática, que procura desqualificar as instituições da democracia e que claramente queria agora que se criasse aqui um ambiente negativo em torno da Assembleia da República".

O deputado socialista considerou igualmente que "os portugueses não querem é que se confunda o que deve ser uma disputa democrática, séria e civilizada, com uma espécie de guerra civil em que tudo vale".

Sobre o candidato a vice-presidente indicado pelo Chega, Diogo Pacheco de Amorim, Francisco Assis disse que "cada deputado votará de forma livre".

O antigo líder parlamentar não quis antecipar se a legislatura vai ser cumprida até ao fim e excluiu-se da liderança da bancada do PS.

FM (SMA) // PC

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