O Dispositivo Especial de Emergência Pré-Hospitalar que o Ministério da Saúde anunciou que vai criar para reforçar a resposta durante o pico da gripe, com recurso a equipas de bombeiros, "não é solução para um problema de fundo", afirmou hoje Mariana Mortágua, que falava aos jornalistas após uma visita e reunião na Delegação Regional do Centro do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em Coimbra.
Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, o Governo está "sempre a pôr pequenos pensos sobre problemas que são muito mais profundos", sem com isso resolver questões estruturais do serviço.
Apontando para o caso de Coimbra, Mariana Mortágua salientou que faltam 115 técnicos de emergência na Delegação Regional do Centro do INEM, além de também faltarem enfermeiros e médicos.
"O INEM não tem ambulâncias suficientes, [...] não tem técnicos especializados em número suficiente - faltam 700 técnicos de emergência no INEM. E, em vez de se encarar este problema de frente, em vez de se compreender que é preciso dar condições às pessoas para trabalharem no INEM, andam-se a puxar pontas dos bombeiros para o INEM, da Cruz Vermelha para os bombeiros, sem nunca resolver o problema estrutural", vincou.
Para Mariana Mortágua, não há plano de inverno, assim como "também não havia plano de emergência", salientando que sempre que a ministra da Saúde "promete um plano", não há "nada de estrutural, não há nada de planeado".
"Tudo o que ouvimos a ministra dizer é que vai privatizar o INEM. O INEM passa a ser coordenador e financiador de serviços prestados por outros. A pergunta é quem? Em que condições? Porque é que estamos a privatizar um serviço essencial em vez de dar condições a esse serviço que já tem uma estrutura montada, porque é que estamos sempre a começar tudo de novo?", questionou.
Na ótica da coordenadora do Bloco de Esquerda, não é a ir buscar recursos "a outros lados" que se resolve um problema estrutural, vincando que o serviço de emergência médica em Portugal funciona, mas funciona "porque há centenas de trabalhadores que todos os dias trabalham em horas extras, que todos os dias abdicam de estar com as suas famílias, todos os dias abdicam de ter uma vida com mais qualidade de vida, com mais tempo livre, para fazer um trabalho de emergência com um salário muito, muito baixo para as funções que desempenham".
Mariana Mortágua vincou que o serviço de emergência médica não pode ser feito, "pedindo favores aos trabalhadores do INEM", recordando que as más condições de trabalho levam à saída de funcionários, algo que "veio a acontecer nos últimos anos".
"A ministra já provou que não tem capacidade e que não tem vontade política de resolver estes problemas", asseverou.
Em declarações aos jornalistas, a coordenadora bloquista reafirmou ainda que a ministra da Saúde "não tem capacidade para ser ministra".
JGA // ACL
Lusa/Fim
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