"Sabemos o que rodeia o Campeonato do Mundo, o que tem surgido nas últimas semanas, meses, sobre as pessoas que morreram na construção dos estádios. Não estamos felizes com isso, de todo", declarou o médio, na 'flash interview' da Sky Sports.
Fernandes, 'capitão' do Manchester United e uma das figuras de proa da seleção portuguesa, aos 28 anos, com 48 internacionalizações 'AA' e nove golos, falava após a vitória dos 'red devils' em casa do Fulham (2-1), treinado pelo português Marco Silva.
Para o médio, é também "estranho" que o Mundial se dispute no inverno, a meio dos campeonatos de clubes, e considerou que "não é a melhor altura nem para jogadores nem adeptos".
"As crianças estarão na escola, as pessoas a trabalhar, e os horários não são os melhores para poderem ver os jogos", acrescentou.
Segundo Fernandes, cujo posicionamento contra os abusos de direitos humanos em solo qatari marca uma diferença na seleção portuguesa, que até aqui não tinha tido uma manifestação tão contundente, um Mundial "é mais do que futebol".
"É uma festa, para adeptos e jogadores, algo que é uma alegria de ver, e devia ser feito de melhor forma. [...] Queremos que o futebol seja para todos, toda a gente tem de ser incluída e envolvida num Campeonato do Mundo, porque um Mundial é do mundo. Para todos, não importa quem. Estas coisas não deviam acontecer, seja em que altura for", atirou.
Embora as autoridades do Qatar neguem, várias organizações apontam para milhares de mortes naquele país entre 2010 e 2019 em trabalhos relacionados com o Mundial, com um relatório do jornal britânico The Guardian, de fevereiro deste ano, a cifrar o valor em 6.500 óbitos, número que muitos consideram conservador.
Ao longo dos últimos anos, numerosas organizações e instituições têm apelado também à defesa dos direitos de adeptos, e não só, pertencentes à comunidade LGBTQI+, tendo em conta a perseguição de que são alvo em solo qatari.
Várias seleções, como Dinamarca, Austrália ou Estados Unidos, posicionaram-se ativamente contra os abusos ou a favor da inclusão e proteção quer dos migrantes quer da comunidade LGBTQI+, tanto a viver no país como quem pretende viajar para assistir aos jogos.
Em maio, a seis meses do arranque da competição, a Amnistia Internacional assinou uma carta aberta endereçada ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, ao lado de associações como a Human Rights Watch, pedindo-lhe que invista o mesmo valor dos prémios atribuídos às seleções pela performance no torneio num mecanismo de compensação.
O Campeonato do Mundo masculino de futebol vai decorrer entre 20 de novembro e 18 de dezembro, com a seleção portuguesa apurada e inserida no Grupo H, com Uruguai, Gana e Coreia do Sul.
SIF // AMG
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