"A pandemia Covid-19 e as medidas rigorosas de confinamento aplicadas em Espanha para a conter têm levado a uma desaceleração sem precedentes na atividade económica este ano", resume o executivo comunitário nas previsões económicas de outono divulgadas hoje, em Bruxelas.

Bruxelas estima que o Produto Interno Bruto (PIB) espanhol irá cair 12,4% em 2020 (mais 1,5 pontos percentuais do que nas previsões de julho), crescer 5,4% em 2021 (menos 1,7) e 4,8% em 2022.

A queda do PIB no final do ano (12,4%), com o setor turístico espanhol a ser um dos que mais contribuiu para essa evolução, contrasta com a diminuição esperada de 7,8% para a média dos países da zona euro ou a de 7,4% na União Europeia.

Mesmo assim, a Comissão Europeia sublinha que "medidas para limitar a perda de postos de trabalho e apoiar o setor empresarial amorteceram o impacto" e prevê uma "forte recuperação" da produção no setor empresarial no segundo semestre do ano, advertindo que "a recuperação será desigual" entre setores.

Bruxelas realça ainda que "o aumento significativo" da taxa de desemprego este ano será "apenas parcialmente invertido" ao longo dos próximos dois anos.

A desaceleração económica deverá, assim, "agravar" o desequilíbrio das contas do setor público administrativo, que diminuirá gradualmente a partir de 2021.

O executivo comunitário estima que o défice orçamental espanhol - que foi de -2,9% em 2019 -, com a pandemia, vai passar para 12,2% em 2020, 9,6% em 2021 e 8,6% em 2022.

Espanha irá, assim, também ter o maior desequilíbrio das contas públicas entre os países da União Europeia no final do corrente ano.

"Em 2021, o défice deverá diminuir para cerca de 9,6% do PIB, à medida que a atividade económica recupera e com a maior parte das medidas postas em prática para responder à crise da COVID-19", consideram os serviços da Comissão Europeia.

Devido ao "grande défice público e à séria contração do PIB", o rácio da dívida pública em relação ao PIB deverá aumentar quase 25 pontos percentuais, de 95,5% do PIB em 2019 para cerca de 120% em 2020, "um nível que deverá aumentar ligeiramente nos anos seguintes".

Quanto à evolução do mercado de trabalho, Bruxelas estima que os esquemas de 'lay-off', de trabalho a tempo reduzido existentes, foram "mais generosos no início da crise, de modo a mitigar a perda de postos de trabalho".

Mesmo assim, o desemprego poderá passar de 14,1% em 2019 para 16,7% em 2020, 17,9% em 2021 e 17,3% em 2022.

FPB // MSF

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