Segundo o estudo divulgado na sexta-feira, "o país encontra-se numa situação de colapso do sistema de saúde, ao mesmo tempo que a pandemia vem ganhando novos contornos afetando faixas etárias mais jovens: 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos".

O aumento dos casos, verificado entre a primeira semana de janeiro e a semana de 07 e 13 de março deste ano, foi de 565,08% (30 a 39 anos), 626% (40 a 49 anos) e 525,93% (50 a 59 anos), respetivamente, "o que sugere um deslocamento da pandemia para os mais jovens", destacou a Fiocruz.

Os investigadores ressaltaram que, desde o início da segunda vaga da pandemia, em novembro do ano passado, o país ter observado um aumento de procura dos serviços de saúde por parte de pacientes jovens sintomáticos.

O estudo chama a atenção para o deslocamento da incidência da doença para faixas etárias mais jovens e a manutenção da mortalidade concentrada nos mais velhos.

"A média da idade de pacientes internados vem diminuindo progressivamente. A média da idade dos casos na semana 01 de 2021 foi de 62 anos e de óbitos foi de 71 anos. Os dados mostram que na semana epidemiológica 10, os valores foram 58 anos para novos casos e 66 anos para óbitos. Esta tendência também vem sendo observada em outros países, sempre que comparados os dados de primeira e segunda vagada pandemia", apontou a Fiocruz.

"Esta mudança ainda é inicial e contribui para o cenário crítico da ocupação das camas hospitalares. Por se tratar de população com menos comorbidades -- e, portanto, com evolução mais lenta dos casos graves e fatais, demanda frequentemente uma permanência por maior tempo em internação em terapia intensiva", explicaram os especialistas.

Para os óbitos, no entanto, essa relação foi "menos expressiva", segundo avaliou o centro de investigação.

"A faixa de 30 a 39 anos teve aumento de mortes de 352,62%. Houve incremento de 419,23% para a faixa de 40 a 49 anos e de 317,08% para a faixa de 50 a 59 anos", refere o estudo.

O Brasil tem assistido um colapso do sistema de saúde que, segundo a Fundação, resulta no aumento da mortalidade não só por covid-19, mas também por outras causas, traduzindo-se num aumento da mortalidade por desassistência e por outras doenças.

"Desde o início da pandemia, os estudos científicos apontaram que até que tivéssemos a vacinação da maior parte da população, haveria a necessidade de combinar medidas não-farmacológicas prolongadas, envolvendo distanciamento, uso de máscaras e higienização das mãos, com ações intermitentes de 'lockdown', restrição da circulação e de todos os serviços não-essenciais quando as capacidades de cuidados intensivos fossem excedidas", indicou.

"O ritmo lento em que se encontra a vacinação contribui para prolongar a duração da pandemia e da adoção intermitente de medidas de contenção e mitigação", alertou a Fiocruz.

O Brasil, o país que atualmente mais regista casos e mortes por covid-19, totaliza 307.112 óbitos e 12.404.414 diagnósticos de infeção desde que o primeiro caso foi registado no país, há cerca de 13 meses.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.756.395 mortos no mundo, resultantes de mais de 125,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

MYMM//RBF

Lusa/Fim