A multidão fez soar apitos e abanou bandeiras brancas e vermelhas da Geórgia ao lado das azuis com estrelas amarelas da União Europeia na capital Tiblíssi, segundo repórteres da AFP.
As marchas sucedem-se desde 9 de abril, quando o governo apresentou o projeto legislativo. Os críticos do texto argumentam que é inspirado na lei russa dos "agentes estrangeiros" usada para silenciar a dissidência.
Diferentemente dos dias anteriores, nesta quinta-feira o protesto ocorreu em dois locais diferentes: em frente ao Parlamento, ponto tradicional de manifestações, e na Praça dos Heróis, onde está erguido um monumento aos soldados georgianos mortos.
A polícia utilizou spray pimenta e prendeu várias pessoas que bloquearam a rua que leva à praça. Os manifestantes gritaram "Não à Rússia!" e chamaram "traidores" aos deputados do partido governante, Sonho Georgiano.
"Estamos juntos para demonstrar às marionetas do Kremlin que não aceitaremos um governo que vai contra os desejos do povo", disse Giorgi Loladze, um manifestante de 27 anos.
O partido Sonho Georgiano tentou aprovar este projeto de lei no início de 2023, mas não conseguiu precisamente devido aos protestos maciços.
O governo voltou a apresentar o projeto em abril e, nesta quarta, obteve a sua aprovação em segunda leitura, por 83 votos a favor e 23 contrários, e pretende promulgá-lo até meados de maio.
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, instou "as autoridades georgianas a retirarem este projeto de lei e a iniciarem o diálogo, em particular com a sociedade civil e os meios de comunicação".
"Classificar as ONG e os meios de comunicação que recebem financiamento estrangeiro de 'organizações que agem no interesse de uma potência estrangeira' é uma séria ameaça aos direitos à liberdade de expressão e associação", acrescentou.
Além disso, Türk disse estar "preocupado com os relatos sobre o uso desnecessário e desproporcional da força [...] contra manifestantes e profissionais dos meios de comunicação em Tiblíssi, a capital georgiana".
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, também manifestou preocupação pelo que essa legislação "poderia supor em termos de sufocar a dissidência e a liberdade de expressão".
O texto também foi duramente criticado pela União Europeia, que considera que a sua aprovação seria incompatível com as aspirações do país para integrar o bloco.
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