"Estas manifestações têm impacto severo nos vários setores de provisão de serviços e o setor da saúde está entre os mais afetados (...), este fenómeno tem repercussões em cerca de 1.800 unidades sanitárias do país", disse Gilda Jossias, presidente do conselho de direção da Plasoc-M.
A representante falava em Maputo durante uma cerimónia das Organizações da Sociedade Civil sobre o impacto das manifestações no setor da saúde, tendo acrescentado que algumas unidades sanitárias foram forçadas a encerrar o atendimento "por défice de pessoal médico ou por receio de vandalizações", enquanto outras funcionaram com mais pressão "para atender as vítimas deste conflito pós-eleitoral".
"Portanto, se por um lado a provisão dos serviços públicos como saúde, educação, transportes, segurança, entre outros, já era deficiente, por outro lado a paralisação de serviços e vandalização de bens, veio agravar a situação, colocando incertezas na provisão e acesso a estes serviços", disse.
A representante explicou que os hospitais se ressentem da falta de profissionais de saúde devido à greve desta classe, "o que contribui para que os pacientes fiquem muito tempo a espera de consultas e medicamentos".
A Plasoc-M avançou que cerca de 21.494 pessoas foram afetadas, entre as quais constam doentes crónicos e pessoas em tratamentos antirretroviral.
"Neste contexto, é expectativa da Sociedade Civil, que o Ministério da Saúde adote medidas alternativas para assegurar a provisão de serviços de saúde, particularmente aos pacientes com doenças crónicas", reiterou a Gilda Jossias.
A representante destacou como fato "alarmante" o lançamento de gás lacrimogéneo em recintos hospitalares, fazendo menção ainda ao bloqueio das vias durante as manifestações.
"Mais recentemente, no dia 10 de dezembro corrente, 21 pacientes com alta hospitalar confirmada, viram-se obrigados a permanecer no hospital, devido aos bloqueios das vias na cidade e província de Maputo, no contexto das manifestações", avançou.
Em declarações à imprensa, a presidente da Plasoc-M explicou que as mulheres e crianças são as mais afetadas pela situação, que se verifica um pouco por todo o país, acrescentado que com a passagem do ciclone Chido no norte, a situação vai agravar-se.
"Nesta perspetiva, a Plasoc-M apela ao Governo de Moçambique, a envidar esforços e criar condições para pôr fim a crise que se instalou no país, e com impacto direto no setor de saúde, assumindo que a maioria da população moçambicana, ainda tem como sua única referência, o serviço público para aceder aos serviços de saúde", concluiu.
Pelo menos 130 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro, segundo balanço avançado, nesta semana, pela Plataforma Eleitoral Decide, que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique, que aponta ainda 385 pessoas baleadas.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane disse, na segunda-feira, que a proclamação dos resultados das eleições gerais pelo CC, previsivelmente em 23 de dezembro, vai determinar se Moçambique "avança para a paz ou para o caos".
LYCE // ANP
Lusa/Fim
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