As taxas alfandegárias anunciadas por Washington causaram "graves choques e turbulências na economia global, nos mercados mundiais e no sistema comercial multilateral", disse hoje um porta-voz do Ministério do Comércio chinês.

Os Estados Unidos devem "assumir total responsabilidade", salientou.

A guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo intensificou-se nos últimos dias, numa altura de grande volatilidade dos mercados. A China insiste que não quer uma guerra comercial, mas garante não ter medo de a enfrentar "se necessário".

Numa reviravolta, Trump anunciou, na quarta-feira, uma suspensão de 90 dias das chamadas "tarifas recíprocas" impostas sobre o resto do mundo, mas manteve e agravou as taxas impostas à China, que vão já em 145%.

A China disse hoje que a pausa de 90 dias se deveu em parte à "pressão" de Pequim.

"Sob a pressão da China e de outras partes, os Estados Unidos suspenderam temporariamente a imposição de tarifas recíprocas elevadas sobre certos parceiros comerciais", disse o porta-voz do Ministério do Comércio.

O Governo chinês aumentou hoje de 84% para 125% as taxas impostas sobre produtos oriundos dos Estados Unidos, mantendo a política de retaliar os aumentos das tarifas sobre bens chineses decretados por Washington.

As ações de Trump levaram líderes empresarias a alertar para uma potencial recessão e alguns dos principais parceiros comerciais dos EUA a retaliar com as suas próprias taxas, antes da trégua.

"Os Estados Unidos aumentam alternadamente as tarifas anormalmente elevadas sobre a China, o que se tornou um jogo de números, que não tem qualquer significado económico prático e que se tornará uma anedota na História da economia mundial", afirmou o Ministério das Finanças chinês, em comunicado.

"No entanto, se os Estados Unidos insistirem em continuar a infringir substancialmente os interesses da China, [Pequim] vai contrariar resolutamente e lutar até ao fim", acrescentou.

O Ministério do Comércio disse que apresentou outro processo junto da Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas dos EUA.

Dada a dimensão das duas economias, os especialistas temem uma turbulência económica global.

A presidente da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, disse no início desta semana que a guerra comercial entre os EUA e a China pode "prejudicar gravemente as perspetivas económicas globais".

 

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