Numa interpelação ao executivo de Macau divulgada hoje, o deputado pró-democracia defendeu que a efeméride poderia servir para "melhorar e consolidar continuamente a vigilância acrescida da comunidade contra catástrofes, através de exercícios de prevenção [...] em larga escala", sugerindo ainda a instalação de uma placa comemorativa no Porto Interior, a zona mais afetada pelas inundações provocadas pelo Hato, em 2017.

Para o deputado, "é importante para o público e para a próxima geração ter em mente a dolorosa lição" do tufão Hato, o pior em 53 anos a atingir Macau, provocando mais de 240 feridos e 10 vítimas mortais.

Na pergunta escrita, apresentada cinco dias depois de um novo tufão ter atingido o território, Sulu Sou questionou ainda o executivo sobre os planos aprovados desde a passagem do Hato para reduzir o impacto das catástrofes naturais, afirmando que "o progresso da [sua] implementação e a [sua] eficácia [...] são motivo de grande preocupação". .

O deputado está particularmente preocupado com a construção de novas infraestruturas de gestão das águas.

"O tufão Hato expôs completamente a grave falta de infraestruturas hídricas e a vulnerabilidade da cidade a catástrofes", pode ler-se na interpelação. "Passados três anos, entre os sete principais projetos de infraestruturas de gestão das águas, apenas dois [...] têm uma perspetiva de conclusão até 2021", uma estação de drenagem de águas pluviais e um projeto de controlo de inundações costeiras, apontou.

Na quinta-feira, o deputado português na Assembleia Legislativa (AL) de Macau, José Pereira Coutinho, acusou as autoridades de incompetência na comunicação sobre o tufão que atingiu o território no dia anterior, em 18 de agosto.

"De acordo com as informações divulgadas no dia 18 [...] pelos Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau [SMGM], muitos cidadãos 'dormiram descansados' por terem sido informados da suposta vinda de uma 'tempestade tropical' com possibilidades 'moderadas' de T8", o terceiro sinal de alerta mais alto, explicou.

"Contudo, foram acordados de madrugada sobressaltados com um tufão violento, fortíssimas rajadas ruidosas, vidros de carros quebrados por janelas 'voadoras', árvores caídas e ambulâncias a funcionar pela noite fora", assinalou, para concluir: "Enfim, é preciso muita paciência para aturar tanta incompetência na divulgação de informação meteorológica numa cidade que o Governo quer que seja 'inteligente'".

Em sentido contrário, a deputada Wong Kit Cheng fez uma avaliação positiva da ação do Governo, das autoridades ligadas à proteção civil e do SMGM, defendendo que contribuíram para o facto de o território ter registado um impacto e prejuízos reduzidos à passagem do tufão Higos.

Ao início da tarde de terça-feira, os SMGM emitiram o sinal 3 de tempestade tropical e avisaram sobre a possibilidade de inundações nas zonas baixas da cidade. Ao final da noite, Macau subiu o alerta de tufão para sinal 8, que implicava a suspensão dos transportes públicos e das ligações marítimas e aéreas, acabando mesmo por emitir o alerta de risco máximo durante a madrugada de quarta-feira, tendo obrigado quase 200 pessoas a procurar refúgio em abrigos de emergência.

A escala de alerta de tempestades tropicais é formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10, que são emitidos tendo em conta a proximidade da tempestade e a intensidade dos ventos.

Para este ano, as autoridades de Macau disseram prever quatro a seis tempestades tropicais no território, algumas delas podendo mesmo "atingir o nível de tufão severo ou super tufão".

Em setembro de 2018, a passagem do tufão Mangkhut por Macau provocou 40 feridos e inundações graves no território, causando prejuízos económicos diretos e indiretos no valor de 1,74 mil milhões de patacas (180 milhões de euros).

Um ano antes, em 23 de agosto de 2017, o tufão Hato (posteriormente denominado de Yamaneko pelas autoridades locais) causou 10 mortos, 240 feridos e prejuízos avaliados em 12,55 mil milhões de patacas (1,32 mil milhões de euros).

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