Hoje, os iranianos voltaram às ruas, após um apelo dos organizadores dos protestos pela morte da jovem Mahsa Amini, que morreu três dias depois de ter sido detida pela política moral do Irão, em setembro, por ter quebrado o código de indumentária das mulheres.

"A queda (do regime) não é possível nem desejável. Mas a permanência da situação atual conduzirá ao colapso social", defendeu Khatami, que foi Presidente entre 1997 e 2005, em declarações divulgadas nos 'media' iranianos.

Para Khatami, "a forma mais fácil e benéfica de restaurar a confiança perdida por uma parte importante da sociedade é através de uma autocorreção do sistema, tanto na sua estrutura como no seu comportamento".

"A boa governação passa pelo reconhecimento dos direitos do povo e pelo respeito das liberdades fundamentais, em particular o exercício dos direitos de cidadania", acrescentou o ex-Presidente iraniano, que apelou ao envolvimento da população em futuras decisões políticas.

As autoridades iranianas têm classificado os protestos dos passados dois meses como "motins", advogando que estão a ser incentivados pelos países ocidentais, principalmente pelos Estados Unidos.

Nos protestos de hoje, os manifestantes bloquearam algumas das principais artérias de Teerão, gritando "Liberdade, liberdade!" e "Morte ao ditador!", em referência ao líder supremo iraniano, aiatola Ali Khamenei.

As marchas de protesto também se espalharam a outras cidades, incluindo Bandar Abbas e Shiraz, onde foram vistas mulheres agitando os seus lenços sobre as cabeças.

De acordo com a organização de defesa dos direitos dos curdos iranianos Hengaw, com sede em Oslo, também houve greves na maior parte da província do Curdistão (oeste), de onde Mahsa Amini era proveniente.

De acordo com várias organizações internacionais, as autoridades iranianas já mataram mais de 300 pessoas, na repressão a este movimento.

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