"Ele [o terrorismo] está lá na província de Nampula [depois de ter começado na província de Cabo Delgado], o que é preciso é controlar" o fenómeno, afirmou Nyusi, em declarações aos jornalistas.

O chefe de Estado moçambicano falava à margem da inauguração de um empreendimento agropecuário no distrito de Massingir, província de Gaza, sul de Moçambique.

Ao referir-se aos recentes ataques armados na província de Nampula, na região, Filipe Nyusi disse que a insurgência que começou as suas ações há cinco anos na província vizinha de Cabo Delgado (norte do país) tenta agora "migrar" para outras zonas do país.

"Eles migraram, espalharam-se em grupos pequenos e estão a tentar ir para Nampula", sublinhou.

Os rebeldes, prosseguiu, estão a tentar recrutar crianças e jovens para alastrarem as suas ações, mas alguns recrutadores já foram capturados pelas Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.

Os grupos armados "têm que dar sinal de que existem, o terrorismo é isso, para provar que não há fronteira, não há quartel", destacou.

Na quarta-feira, o chefe de Estado moçambicano disse que pelo menos seis pessoas já morreram desde sábado numa nova vaga de ataques armados no norte de Moçambique e há combates em curso.

"Seis cidadãos foram decapitados, três sequestrados e dezenas de casas foram incendiadas", referiu na cidade de Xai-Xai, durante o discurso alusivo ao Dia da Vitória.

Filipe Nyusi confirmou os relatos feitos pela população e autoridades locais desde sábado sobre ataques nos distritos de Ancuabe e Chiúre, na província de Cabo Delgado, e distrito de Eráti, já na província de Nampula.

O chefe de Estado confirmou ainda "combates" durante a última noite (terça-feira) em Chipende, distrito de Memba, sem mais detalhes.

Alguns pontos do extremo norte da província de Nampula, juntamente com Cabo Delgado, são palco da instabilidade causada pela presença de grupos armados.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano por forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas levando a uma nova onda de ataques noutras áreas, mais perto de Pemba, capital provincial.

Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

PMA (LFO) // JH

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