"Qualquer um que ataque franceses, o exército, os diplomatas e os direitos dos franceses verá a França responder de maneira imediata e de forma inflexível. O Presidente da República não tolerará nenhum ataque contra a França e os seus interesses", indicou o Eliseu num comunicado.

Cerca de 500 a 600 cidadãos franceses estão atualmente no Níger, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

"A França também apoia todas as iniciativas regionais destinadas a "restaurar a ordem constitucional" e o retorno do Presidente eleito Mohamed Bazoum, acrescentou a Presidência francesa.

A Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO) reúne-se hoje, em Abuja, numa "cimeira extraordinária" para avaliar a situação após o golpe militar, provavelmente com a imposição de sanções ao Níger.

A junta militar nigerina declarou hoje que vê esta reunião como uma ameaça "de intervenção militar iminente" no Níger.

O Ministério das Relações Exteriores de França também condenou "qualquer violência contra instalações diplomáticas, cuja segurança é da responsabilidade do Estado anfitrião".

Milhares de pessoas protestaram hoje em frente à embaixada francesa em Niamey, numa manifestação de apoio ao golpe militar no país, antes de serem dispersadas por bombas de gás lacrimogéneo, segundo a agência de notícias AFP.

Alguns participantes insistiram em entrar no prédio e outros arrancaram a placa com a inscrição "Embaixada da França no Níger", pisando-a e substituindo-a por bandeiras da Rússia e do Níger.

De acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), uma porta da embaixada francesa chegou mesmo a ser incendiada. O fumo preto podia ser visto a subir de toda a cidade, de acordo com um vídeo visionado pela AP.

Antes de as bombas de gás lacrimogéneo terem sido disparadas, alguns soldados tentaram ainda intervir para acalmar os manifestantes.

Um dos soldados, de pé num camião, cumprimentou a multidão que gritava "Rússia", "viva o exército nigerino" e "Tchiani", nome do presidente do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP, a junta militar autora do recente golpe de Estado), Abdourahamane Tchiani.

As manifestações, no entanto, foram proibidas pela junta militar.

A França, aliada do Níger na luta contra o 'jihadismo' e na ajuda ao desenvolvimento do país africano, onde tem 1.500 militares, anunciou no sábado que suspenderia este apoio, assim como a União Europeia.

Algumas pessoas dirigiram-se também à embaixada dos Estados Unidos. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, garantiu ao Presidente deposto Mohamed Bazoum o apoio "inabalável" de Washington.

A manifestação começou com uma marcha em direção à Assembleia Nacional, com a multidão a agitar bandeiras russas e nigerinas.

O movimento civil M62, que já havia protestado contra a operação Barkhane do exército francês no Sahel e no Saara, fez os apelos à manifestação.

Duas marchas pró-golpe tiveram lugar em Niamey e Dosso (cerca de cem quilómetros a sudeste da capital) na quinta-feira, a primeira pontuada por incidentes, antes de a junta apelar "à calma" entre a população e proibir os eventos.

O Presidente Bazoum foi afastado na quarta-feira à noite por militares e detido no palácio presidencial, sob a supervisão da Guarda Presidencial, cujo líder, o general Omar Abdourahmane Tchiani, foi nomeado presidente do CNSP.

Depois do Mali e do Burkina Faso, o Níger, até então aliado dos países ocidentais, torna-se o terceiro país do Sahel - minado por ataques de grupos ligados ao Estado Islâmico (EI) e à Al-Qaida - a viver um golpe de Estado desde 2020.

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