"O Governo do Território Norte (TN) tem uma forte relação com Timor-Leste e o povo timorense e isso tem sido reforçado ao longo de muitas décadas. Penso que há uma oportunidade para o TN ajudar os trabalhadores de Timor-Leste a fortalecer as suas qualificações e ao mesmo tempo ajudar a combater a escassez de mão de obra que temos", disse Natasha Fyles à Lusa em Darwin.

Uma das opções, explicou, seria avançar com um acordo alargado que permita a trabalhadores timorenses beneficiar de um modelo de vistos de entradas múltiplas, garantindo assim mais mão de obra, mas a oportunidade dos timorenses poderem ir a casa.

Fyles referiu-se em concreto ao programa 'Fly-in Fly-out' (FIFO) que já se aplica na Austrália, um modelo de empregabilidade em zonas remotas que aposta em transferir os trabalhadores temporariamente para a zona onde é necessário em vez de promover a mudança permanente, algo particularmente comum em zonas de minas.

"Com os vistos de trabalho, quem vem trabalhar para a Austrália tem um visto de entrada única. O que queremos fazer com o Governo Federal é ter vistos de entradas múltiplas para que as pessoas possam comprometer-se durante três ou quatro anos, mas podendo ir e vir entre Timor-Leste e o TN", explicou.

"Vamos explorar isto com os empregadores que procuram trabalhadores, por exemplo, procurando reforçar as qualificações dos timorenses na restauração e turismo", disse, recordando que esse foi o objetivo da vista na semana passa a Díli de um membro do seu Governo, acompanhado de uma delegação empresarial australiana.

A chefe do Governo falava à Lusa enquanto acompanhava o Presidente da República timorense, José Ramos-Horta, numa visita ao Royal Darwin Hospital -- a unidade onde o chefe de Estado foi tratado depois do atentado de que foi alvo às 19:30.

Antes, Fyles recebeu José Ramos-Horta na Parliament House do Território, onde o líder timorense, em vista de Estado à Austrália, assinou o livro oficial de condolências pela morte da Rainha Isabel II.

Sem querer avançar números, relativamente a quantos trabalhadores poderiam ser absorvidos no TN, Fyles disse que seria essencial reforçar os conhecimentos e qualificações.

"Há detalhes a resolver, mas dada a proximidade de Timor-Leste é uma opção que vale a pena explorar. Esta pode ser uma oportunidade para um acordo a longo prazo, para visitas de curtos períodos", disse, destacando o afeto que as empresas da região já sentem relativamente aos timorenses "que trabalham muito e bem".

A Austrália enfrenta carências graves de mão de obra em setores que vão da agricultura à hotelaria e ao cuidado de idosos, entre outras, com o Governo a procurar intensificar programas de mobilidade laboral do estrangeiro, incluindo Timor-Leste e o Pacífico.

ASP // MSF

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