"A 'abaya' não tem lugar nas nossas escolas", sentenciou hoje o ministro da Educação, Gabriel Attal, que já no domingo tinha anunciado uma das medidas que mais polémica está a gerar antes do arranque iminente do ano letivo.

Segundo Attal, a medida é extensível a qualquer símbolo de natureza religiosa.

Aquela peça de vestuário estava, até agora, numa espécie de limbo, nos termos da lei de 2004 que proíbe a ostentação de símbolos religiosos, mas Attal considera que está na altura de avançar em matéria de laicidade em França.

Por essa razão, prometeu que o Ministério da Educação dará este ano formação específica a cerca de 14.000 diretores de estabelecimentos de ensino, com o objetivo de chegar até 300.000 trabalhadores por ano.

Para o porta-voz do Governo, Olivier Véran, a 'abaya' é "evidentemente" um símbolo religioso.

"Nós sempre fomos claros: a escola é um templo de laicismo", defendeu, numa entrevista à estação BFM TV.

Vozes conservadoras, como o líder do partido Os Republicanos, Eric Ciotti, apoiaram a medida, ao passo que outros políticos, como Eric Zemmour, da extrema-direita, afirmaram que é "um bom primeiro passo", mas instaram a que se continue a avançar, por exemplo para a "generalização" da obrigatoriedade de uniforme.

O Partido Socialista, por seu lado, lamentou que o início do ano letivo fique ensombrado por um problema que considera, em todo o caso, menor, mas, para Jean-Luc Mélenchon, de A França Insubmissa (LFI), trata-se de "uma nova guerra religiosa absurda", travada de forma "artificial".

O anúncio sobre a 'abaya' surge poucos dias depois da publicação, tanto no diário francês Le Figaro como noutros órgãos de comunicação social, das conclusões de um relatório dos serviços estatais que revela uma explosão do que descrevem como "ataques ao laicismo" nas escolas.

No ano letivo 2022-2023, foram feitas 4.710 denúncias sobre essa matéria, contrastando com 2.167, menos de metade, no ano anterior, 2021-2022.

ANC // SCA

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