Numa nota divulgada na rede social Facebook, a Presidência guineense anunciou que foram assinados entre os ministros dos Negócios Estrangeiros dos dois países um "memorando de entendimento que prevê doravante consultas políticas e diplomáticas regulares entre os dois países".

Segundo a Presidência, foi também assinado um "projeto de acordo-quadro de cooperação, que visa consolidar as relações de amizade, fraternidade, solidariedade e cooperação".

Os dois países pretendem reforçar a cooperação bilateral nos domínios "político, económico, social, cultural, segurança, científico, técnico, económico, comercial, turístico, educativo, do investimento, informação e comunicação, juventude e desporto", refere a nota.

O Presidente guineense chegou segunda-feira ao Gabão para uma visita de 24 horas, proveniente da República do Congo, onde esteve reunido com o seu homólogo, Denis Sassou Nguesso, no quadro dos contactos regulares entre os dois chefes de Estado.

Antes, Umaro Sissoco Embaló tinha estado no Ruanda e na República Democrática do Congo (RDCongo), onde abordou com os seus homólogos a "crescente tensão" entre os dois países.

O leste da RDCongo está mergulhado em conflito há mais de duas décadas, alimentado por milícias rebeldes e pelo Exército congolês, apesar da presença da missão de manutenção da paz das Nações Unidas, a Monusco.

Os combates entre o M23 e o Exército congolês intensificaram-se de novo no final de outubro, após um período de tréguas.

Os combates, além de terem causado dezenas de milhares de deslocados internos, levaram o M23 a controlar várias cidades na província do Kivu do Norte e geraram uma crise diplomática em que a República Democrática do Congo acusa o Ruanda de apoiar o M23, uma alegação que o Governo ruandês sempre negou.

No entanto, um relatório confidencial de peritos da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado no início de agosto, confirmou esta cooperação.

O M23 foi criado em 2012, quando soldados congoleses se revoltaram com a perda do poder do seu líder, Bosco Ntaganda, acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e devido a alegadas violações do acordo de paz de 23 de março de 2009, após o qual o movimento é nomeado.

O grupo exigiu uma renegociação do acordo assinado pela guerrilha congolesa Congresso Nacional de Defesa do Povo (CNDP) para a sua integração no exército, a fim de melhorar as suas condições.

O CNDP, constituído principalmente por tutsis (um grupo que sofreu com o genocídio ruandês de 1994), foi formado em 2006 para - entre outros objetivos - combater os hutus das Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundado em 2000 pelos líderes do genocídio e outros ruandeses exilados na RDCongo a fim de recuperarem o poder político no seu país.

MSE (RCR/PJA) // LFS

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