O indicador, divulgado pelo Gabinete Nacional de Estatística (NBS, na sigla em inglês) do país asiático, é a marca mais baixa desde junho e está também abaixo das previsões mais difundidas entre os analistas, que esperavam que se fixasse em 0,5%.

Na comparação mensal, os preços registaram o segundo mês de contração (-0,6%). Os especialistas esperavam um declínio em relação aos níveis de outubro, mas menos pronunciado, de 0,4%.

A economia chinesa permanece à beira da deflação há mais de um ano, indicando que a recuperação nos gastos não se materializou, depois de as autoridades terem abolido a política de zero casos de covid-19, no início de 2023.

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflete debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

O estatístico do NBS, Dong Lijuan, atribuiu os números a fatores como a queda da procura por viagens ou as temperaturas anormalmente elevadas de novembro - a média foi a mais elevada registada na China desde de que há registos (1961) - que facilitaram a produção ou o armazenamento de produtos agrícolas, reduzindo os seus preços abaixo da média sazonal.

Dong sublinhou que a inflação subjacente - uma medida que elimina o efeito dos preços dos alimentos e da energia devido à sua volatilidade - atingiu 0,3%, em termos homólogos.

O NBS divulgou também o índice de preços no produtor (PPI, na sigla em inglês), que mede os preços industriais e que abrandou a queda de 2,9% em outubro para 2,5% em novembro.

Depois de mais de dois anos consecutivos de descidas, o NBS continua a apontar para o efeito dos preços internacionais das matérias-primas, como o petróleo, embora argumente que as medidas de apoio anunciadas por Pequim impulsionaram a procura interna de bens industriais em novembro e ajudaram o PPI a recuperar 0,1% em termos mensais.

A subida da inflação subjacente e o abrandamento da queda do PPI indicam que o estímulo está "a sustentar os preços subjacentes até certo ponto", segundo Gabriel Ng, analista da empresa de consultoria britânica Capital Economics.

"O estímulo parece estar a colocar um limite à queda da inflação, pelo menos por agora", disse ele, acrescentando que, no entanto, este efeito será de curta duração e que Pequim não está a "abordar adequadamente" as causas do desequilíbrio entre a oferta e a procura, como o excesso de capacidade de produção em vários setores.

Ng espera, por isso, que o IPC "seja em média de apenas 0,5%, em 2025 e 2026, muito abaixo das previsões mais generalizadas".

 

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