Em conferência de imprensa na sede da petrolífera, em Luanda, Isabel dos Santos explicou que a "redução acentuada de receitas" com a venda de petróleo, fruto da queda na cotação do barril de crude no mercado internacional, "não foi acompanhada" na Sonangol "pela necessária revisão da estratégia de investimento do grupo".

Este cenário, apontou, "conduziu a uma situação difícil perante os credores internacionais, dificultando a capacidade de obter novos financiamentos fundamentais para a sustentabilidade das operações, manutenção dos níveis de produção, pagamentos a fornecedores e cumprimento dos seus compromissos financeiros".

Isabel dos Santos foi nomeada para aquelas funções, e para liderar o processo de reestruturação da petrolífera estatal, em junho deste ano, tendo hoje revelado que a avaliação entretanto realizada ao grupo, para "conhecimento total da situação de partida", permitiu detetar "inconsistências entre a informação contabilística e a informação real da empresa", bem como "uma falta de controlo sobre várias participações financeiras".

Afirmou mesmo que a situação da Sonangol "é bastante mais grave do que o cenário inicialmente delineado", obrigando a "decisões de gestão com caráter de urgência".

"Fica assim cada vez mais evidente a necessidade de implementar de imediato um programa de reestruturação financeira do grupo para conseguir garantir os compromissos financeiros assumidos até à data", disse Isabel dos Santos.

Durante a conferência de imprensa, foi divulgado que a dívida financeira do grupo para 2016 está estimada em 9.851 milhões de dólares (9.263 milhões de euros) e que atualmente "existe a necessidade de contrair novos financiamentos", em face dos compromissos financeiros "ainda por financiar", para que a Sonangol "possa cumprir com os pagamentos até ao final do ano".

Esta necessidade, foi ainda adiantado, totaliza 1.569 milhões de dólares (1.476 milhões de euros).

A administração da Sonangol era liderada desde 2012 até à nomeação (junho de 2016) de Isabel dos Santos pelo chefe de Estado, por Francisco de Lemos José Maria, que por sua vez sucedeu a Manuel Vicente, eleito então vice-Presidente da República.

Segundo a presidente do Conselho de Administração da petrolífera, foi igualmente detetada nesta avaliação um "sobredimensionamento da estrutura" do grupo, com cerca de 22.000 pessoas ligadas ao universo Sonangol, 8.000 colaboradores ativos, mais de 1.100 colaboradores não ativos - estes representando um custo anual superior a 40 milhões de dólares (37 milhões de euros) - e mais de 8.000 trabalhadores pertencentes a empresas de trabalho temporário.

Face ao cenário vivido pela petrolífera, foi admitido a possibilidade de a Sonangol não entregar dividendos ao acionista Estado.

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