"O Presidente da República expressou o seu desejo de que o texto sobre as pensões possa seguir o seu caminho democrático até ao fim, com respeito por todos", referiu o palácio presidencial, numa mensagem enviada à agência francesa AFP.

O Governo enfrenta na segunda-feira duas moções de censura que, em caso de rejeição, resultarão automaticamente na adoção da nova legislação, aumentando a idade da reforma de 62 para 64 anos.

O Governo francês decidiu, na quinta-feira, adotar a reforma das pensões, recorrendo ao artigo 49.3 da Constituição, que permite a adoção de um texto sem votação, a menos que seja votada uma moção de censura ao executivo.

Os protestos contra a reforma das pensões, organizados à margem de partidos e sindicatos, já levaram à detenção de centenas de pessoas em todo o país e a atos de vandalismo contra vários deputados.

Esta noite, manifestantes vandalizaram o gabinete do presidente do partido conservador republicano, numa aparente ameaça para conseguir que o seu partido bloqueasse a reforma.

Eric Ciotti publicou na rede social Twitter uma foto do gabinete na cidade francesa de Nice com janelas estilhaçadas, depois de lhe ter sido atirada uma pedra de calçada.

Os vândalos também escreveram as palavras "a moção ou a pedra", numa referência às duas moções de censura que serão votadas na segunda-feira na Câmara Baixa do parlamento.

Outros responsáveis também relataram ações de vandalismo ou tentativas de intimidação nos últimos dias pelo seu apoio à lei da reforma.

Em resposta, Macron chamou os presidentes das duas câmaras do parlamento para afirmar o seu apoio a todos os deputados e disse que o Governo estava mobilizado para "pôr tudo em ordem para os proteger", adiantou hoje o gabinete do Presidente.

A reforma das pensões piorou ainda mais a popularidade do Presidente francês e, atualmente, só 28% dos franceses aprova a sua gestão, a percentagem mais baixa dos seus mandatos e equiparável à crise dos "Coletes Amarelos", a revolta popular que, em 2018, o colocou na 'corda bamba'.

O executivo liderado por Macron não dá sinais de retroceder na medida.

O ministro da Economia, Bruno Le Maire, já assegurou, numa entrevista ao Le Parisien, que a reforma "entrará em vigor" e avisou que não "vai ser tolerado" nenhum tipo de violência nos protestos.

JDN // VAM

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