O comentador político apresentou hoje o livro "O Governador", publicado pela Dom Quixote, resulta de um conjunto de entrevistas do jornalista do Observador Luís Rosa a Carlos Costa, que liderou o Banco de Portugal entre 2010 e 2020, e tem causado polémica.
Para Marques Mendes, a revelação mais grave do livro, prende-se com a resolução do Banif no final de 2015.
"Espero bem que o Ministério Público possa ler os capítulos do livro que têm a ver com o Banif, e se ler não pode deixar de abrir uma investigação criminal. É um caso típico de abuso de poder e favorecimento de uma sociedade. Por muito menos, já vi o Ministério Público abrir inquéritos e constituir arguidos", afirmou.
Com base no livro, Mendes referiu que, ao mesmo tempo que "havia em curso um processo de venda do Banif" de forma pública, "de forma confidencial o Governo informava Bruxelas por carta que o banco estava em processo de resolução".
"Duas estratégias opostas, uma pública e outra privada, foi mera coincidência ou era premeditação?", questionou.
O comentador afirmou ainda que, na mesma altura, "havia entidades e pessoas em Bruxelas, em articulação com o Ministério das Finanças, a afirmarem abertamente quem devia ser o comprador do Banif, sem concurso".
"Foi favorecimento ou foi negligência?", questionou, considerando que há três intervenientes da história -- "dois portugueses e uma cidadã estrangeira" -- que "devem uma explicação ao país", sem os nomear.
Já sobre o caso mais mediático, e que já mereceu o anúncio do primeiro-ministro de que irá processar Carlos Costa, o antigo presidente do PSD defendeu que "falta a explicação política" de António Costa.
"O primeiro-ministro considerou inoportuna ou inconveniente a saída de Isabel dos Santos do BIC, sim ou não? Fez algum contacto com o governador, sim ou não?", afirmou, considerando que mais importante que "conhecer a frase" é saber "se houve ou não intervenção junto do Banco de Portugal".
Para Marques Mendes, uma eventual intromissão do poder político numa questão desta natureza "é tão grave e tão ilegitima quanto a intrusão do poder político numa investigação judicial".
O primeiro-ministro, António Costa, já afirmou que irá processar o ex-governador do Banco de Portugal por ofensa à sua honra, depois de, no livro, o antecessor de Mário Centeno ter relatado que foi pressionado pelo chefe do Governo para não retirar Isabel dos Santos do BIC.
SMA/AAT // JPS
Lusa/fim
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