"A visita tem como objetivo iniciar um diálogo, entre os dois países, tendo em vista a ambição de explorar e aprofundar a cooperação bilateral, no domínio da componente militar da defesa", lê-se no documento.
Janine Lélis é recebida, hoje, pelo ministro marroquino que tutela a defesa, Abdeltif Loudyi, sendo acompanhada pelo Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, contra-almirante António Monteiro e pelo Diretor Nacional da Defesa, Maurino Évora.
O representante da diplomacia marroquina em Cabo Verde, Hassan Zarafa, disse em dezembro, à margem da entrega de uma doação, na Praia, que "a cooperação entre as Forças Armadas do Reino de Marrocos e de Cabo Verde atingirá um nível excecional num futuro próximo".
Em maio de 2023, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, visitou Marrocos e os dois países celebraram um acordo de promoção e proteção mútua de investimentos, a par da realização da 2.ª Comissão Mista", em que foi ainda assinado um acordo de supressão de vistos com o qual se pretende promover o turismo.
Na altura, foi igualmente assinada uma convenção para evitar dupla tributação e prevenção da evasão fiscal, entendimentos nos domínios do ordenamento do território, habitação e desenvolvimento urbano durável, bem como outros documentos sobre atividades ligadas à juventude, mulheres, formação e bolsas de estudo.
O chefe de Governo de Cabo Verde disse, na altura, que as relações entre os dois países estão num "momento especial", com a "formalização do reconhecimento da integridade territorial do Reino de Marrocos por Cabo Verde, entre outras iniciativas que reforçam a base política e diplomática para a exploração e o desenvolvimento da cooperação".
A questão da integridade territorial diz respeito ao Saara Ocidental.
Numa vasta extensão desértica de 266.000 quilómetros quadrados localizada ao norte da Mauritânia, o Saara Ocidental - antiga colónia espanhola ocupada por Marrocos em 1975 - é o último território do continente africano cujo estatuto pós-colonial não está definido: Marrocos controla mais de 80% no oeste, a Frente Polisário menos de 20% a leste, todos separados por um muro de areia e uma zona tampão sob o controlo das forças de manutenção da paz da ONU.
Marrocos permaneceu em guerra com o grupo Frente Polisário até 1991, até à assinatura de um cessar-fogo com vista à realização de um referendo de autodeterminação.
No final de 2020, os Estados Unidos - então sob a liderança do republicano Donald Trump - reconheceram a soberania marroquina sobre a antiga colónia espanhola, quebrando o consenso internacional sobre o estado atual do território disputado.
Entretanto, os governos espanhol e francês declararam apoio ao plano de autonomia marroquino, uma mudança de posição descrita como traição pela Frente Polisário.
LFO (CSR/JSD) // VM
Lusa/Fim
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