"Temos feito um progresso muito grande, há muito mais gente, hoje, a deslocar-se, a visitar, reciprocamente [cada país], do que antes", referiu José Filomeno Monteiro, ao comentar um dos temas na agenda da 13.ª reunião de diálogo político que junta sexta-feira em Bruxelas representantes do país e das entidades europeias, no âmbito da parceria especial que os une.
A mobilidade é um tema sempre presente, numa altura em que os procedimentos que a regulam "foram melhorados" e, "a julgar pelas estatísticas, hoje são concedidos muito mais vistos. Foram simplificados os instrumentos" que se exigem "para essa mobilidade", assinalou.
"O problema é que, por vezes, vemos na implementação direta e diária deste processo, tem a ver com o aumento da procura, dos números, e não propriamente com a vontade política ou com dificuldades", detalhou, refletindo queixas sobre demoras e filas no agendamento de pedidos de vistos, por exemplo.
A situação "tem a ver com o tratamento de números bem superiores", mesmo havendo um "mecanismo bastante mais simplificado".
"Significa que as dificuldades vêm das próprias vitórias que temos registado ao longo desses últimos anos", assinalou.
A agenda do encontro inclui o pacote de investimentos europeu Global Gateway, de 319 milhões de euros, que envolve vários setores em Cabo Verde.
"Para além de discutirmos os calendários, os desembolsos e os mecanismos do Global Gateway, será também uma oportunidade para abordarmos questões como o pilar da segurança e estabilidade, o domínio das relações económicas entre a UE e Cabo Verde", assim como a integração regional.
"A integração regional é uma questão transversal porque a nossa visão é de Cabo Verde como uma plataforma de circulação entre vários continentes", referiu, ultrapassando "sentimentos e discursos emocionados sobre a pertença" do arquipélago, numa alusão a debates que emergem regularmente sobre se o país está mais virado para África ou para a Europa.
A discussão deve estar atenta "aos interesses concretos onde os cabo-verdianos podem ser úteis, tanto à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), como à Europa ou à América Latina, como uma plataforma de facilitação", apontou José Filomeno Monteiro.
"Temos um país que já dispõe de algumas condições essenciais: estabilidade, democracia, vivência pacífica, capacidade de receber empresas e expatriados, funcionários dessas empresas, que podem viver em Cabo Verde sem se separar das suas famílias", acrescentou.
"Vamos, a par e passo, criando condições para que isso se verifique com mais acuidade e que Cabo Verde seja essa placa giratória efetiva, assim como foi Hong Kong e Singapura: não me canso de dar esses exames por ter conhecido essas duas realidades enquanto jovem diplomata", referiu.
O chefe da diplomacia apontou o exemplo daquelas geografias asiáticas como "regiões de charneira, que facilitaram as coisas" num mundo "que era perigoso, enigmático e difícil", acreditando que Cabo Verde pode, hoje, estabelecer pontes no mesmo sentido.
LFO // JMC
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